O ex-secretário de Estado do 1º governo de Donald Trump (Partido Republicano), Mike Pompeo, defendeu na 5ª feira (3.jul.2025) que qualquer regulação das plataformas sociais e de IA (Inteligência Artificial) deve ser mais baseada em negativas –aquilo que “não devemos permitir que se faça”– do que em afirmações –“o que é permitido fazer”.
“Toda vez que a Europa diz ‘nós vamos colocar essas barreiras digitais’, eu só penso ‘boa sorte com isso’”, afirmou Pompeo, que foi congressista pelo Partido Republicano de 2011 a 2017. “Você acaba de redigir uma lei; amanhã ela já estará obsoleta. Aliás, a lei estará errada”.
“Você pode impor uma regulação nas redes sociais dizendo: ‘Não sabemos exatamente qual é a parte boa, qual a má, vamos tentar descobrir’. Mas há uma coisa que podemos dizer com certeza: ‘Crianças de 12 anos? Não’. Nós podemos proteger nossos filhos de algumas dessas coisas”, explicou Pompeo. “Colocam-se, assim, algumas barreiras para tentar mitigar os piores riscos”.
As declarações de Pompeo foram feitas ao lado do ministro Gilmar Mendes, do STF, 1 dos 8 ministros que votaram a favor da ampliação da responsabilidade das big techs pelo conteúdo publicado por seus usuários. Leia esta reportagem do Poder360 para entender em detalhes o que diz o novo entendimento do Supremo.
O ex-secretário de Trump foi o keynote speaker da mesa “Geopolítica em reconstrução: Implicações Socioeconômicas” durante o 13º Fórum de Lisboa, evento apelidado de “Gilmarpalooza”, por ter sido idealizado pelo ministro do Supremo. Na abertura do evento, na 4ª feira (2.jul.2025), Gilmar Mendes classificou como “fundamental” a decisão do Supremo sobre as redes.
O ministro do STF fez a apresentação e os agradecimentos ao convidado no encontro, que contou também com a presença de André Esteves, presidente do Conselho de Administração do banco BTG Pactual, responsável por conduzir as perguntas feitas a Pompeo.
Ainda sobre as redes e a IA, na opinião do político norte-americano, as melhores ideias sobre como navegar em tempos de mudanças tecnológicas tão profundas virão da academia, pois os líderes políticos não compreendem essas novas ferramentas e as suas possibilidades com a profundidade necessária: “A escala é tão assustadora e a velocidade com que ela evolui é tão surpreendente, certo?”.
Pompeo reconheceu, no entanto, o dever político de lidar com os impactos da tecnologia no mundo do trabalho. As previsões, segundo ele, são de que as alterações sejam tão disruptivas quanto o foram na Revolução Industrial, no século 19.
“Acho que as funções dos governos podem ser pensar na transmissão do conhecimento [acerca dessas novas tecnologias] para essa maioria de pessoas e fazer com que ainda tenham oportunidades”, disse.
Fazendo um elogio às tecnologias como uma “enorme oportunidade”, Pompeo disse ter escolhido tomar lições da história para não encará-las de maneira catastrófica.
“Toda vez que ficamos muito preocupados que uma nova tecnologia estava destruindo o mundo, o mundo se tornou muito melhor. Eu não vejo razões para acreditar que o meu filho não vai viver em um mundo que é muito melhor e mais produtivo do que eu vivi”, opinou.
O 13º Fórum de Lisboa tem como anfitrião o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes.
O evento já é uma tradição e foi batizado de “Gilmarpalooza” –junção dos nomes do decano e do festival de música Lollapalooza, originado em Chicago (EUA) e cuja versão no Brasil é realizada todos os anos em São Paulo com uma multitude de bandas de muitos lugares.
Eis as entidades envolvidas na organização do fórum:
O tema do fórum de 2025 é “O mundo em transformação – Direito, democracia e sustentabilidade na era inteligente”.
Leia mais sobre o Fórum de Lisboa no Poder360: