• Sexta-feira, 9 de maio de 2025

Reabilitação online reduz sequelas de Covid longa, diz médico no Sarah

Exercícios on-line ajudaram na recuperação de memória e atenção em pacientes com Covid longa, aponta estudo divulgado em congresso no Sarah

Mesmo anos após se recuperarem da fase aguda da Covid-19, muitos pacientes continuam enfrentando sintomas da chamada Covid longa. Entre os mais comuns estão a fadiga persistente e dificuldades cognitivas, como lapsos de memória, déficit de atenção e lentidão para processar informações. Um estudo apresentado nesta sexta-feira (9/5) durante o 1º Congresso Latino-Americano da Federação Mundial de Neurorreabilitação (WFNR), em Brasília, mostra que essas sequelas podem ser reduzidas com a ajuda de um programa de reabilitação feito inteiramente pela internet. O neurologista Josep Vendrell, do Hospital de Santa Creu i Sant Pau, em Barcelona, na Espanha, apresentou os resultados do projeto, que avaliou pacientes com queixas cognitivas após a Covid-19. “Ainda não entendemos completamente os mecanismos envolvidos nessas sequelas, mas temos visto que intervenções digitais bem planejadas podem promover melhorias importantes”, afirmou o médico durante a palestra. Reabilitação pela internet Entre maio e dezembro de 2024, 81 pacientes procuraram o hospital com . Após um processo de triagem, 42 seguiram com o tratamento até o fim. A média de idade era de 50 anos, e a maioria dos participantes era mulher. Todos usaram uma plataforma de reabilitação cognitiva desenvolvida no centro médico, com exercícios voltados para funções como memória, atenção, linguagem, leitura e raciocínio. O sistema se adapta ao desempenho do paciente, ajustando automaticamente a dificuldade dos exercícios. Em um dos casos apresentados, uma mulher de 47 anos usou a plataforma por cerca de dois meses, em sessões curtas de aproximadamente dez minutos por dia. Com o tempo, conseguiu avançar em atividades que antes exigiam múltiplas tentativas. Um dos exercícios consistia em visualizar imagens por poucos segundos e, depois, escolher a correta entre várias opções. “A velocidade de apresentação das informações foi ajustada de forma gradual, até que a paciente conseguisse processar as imagens em 100 milissegundos por palavra”, relatou o neurologista. Tecnologia como aliada O programa foi inicialmente desenvolvido para , esquizofrenia, Alzheimer e outras doenças neurológicas. Com a chegada da pandemia, a equipe adaptou o sistema para atender pacientes com sequelas da Covid longa. “No início, estávamos focados apenas nas queixas de memória e atenção. Depois, percebemos que a fadiga também interferia no desempenho. Tivemos até que contar com a ajuda de um cardiologista para entender melhor o sintoma”, contou Vendrell. Uma das pacientes atendidas contou que não sentia fadiga ao caminhar ou conversar, mas ficava extremamente cansada ao tentar fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Outra disse que, antes, lia um livro por mês, mas agora perde o fio da história já nas primeiras páginas. Apesar dos bons resultados, Vendrell reconhece que ainda há um longo caminho até que os ganhos no ambiente virtual se traduzam em melhorias concretas no dia a dia dos pacientes. “Não falamos em cura, mas em melhora da função cognitiva, o que já impacta diretamente na qualidade de vida. Em tempos de tecnologia, é importante voltar a um princípio clássico da medicina: sentar-se, observar e escutar o paciente”, afirmou. Siga a editoria de e no e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Por: Metrópoles

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