Putin rompe acordo com EUA para descarte de plutônio
Putin retirou a Rússia de um acordo assinado nos anos 2000 com os EUA que previa impedir reaproveitamento de plutônio para armas nucleares
O presidente da Rússia, , promulgou nessa segunda-feira (27/10) uma lei que retira formalmente seu país de um acordo com os sobre reprocessamento de plutônio, cujo objetivo era impedir que ambas as partes fabricassem mais armas nucleares.
A decisão marca a extinção de mais um acordo firmado no período pós-Guerra Fria entre as duas potências nucleares, um movimento que tem se expandindo nos últimos anos em meio à deterioração das relações da com o Ocidente.
O tratado, chamado oficialmente de Acordo Sobre a Gestão e Disposição de Plutônio (PMDA, na sigla em inglês), havia sido originalmente assinado em 2000. Ratificado em 2011, ele previa que ambos os países se comprometessem a reprocessar suas reservas de plutônio provenientes da Guerra Fria para convertê-las em combustível que pudesse ser utilizado na energia nuclear destinada à produção de eletricidade.
Material suficiente para produzir 17 mil armas nucleares
Pelo tratado, cada parte se comprometia a reciclar 34 toneladas de plutônio – quantidade que eliminaria material necessário para produzir cerca de 17 mil armas nucleares.
No entanto, já em 2016, Putin ordenou por decreto a suspensão da participação da Rússia, em um contexto de degradação das relações com os Estados Unidos durante a presidência de Barack Obama (2009-2017) e a anexação ilegal da península ucraniana da Crimeia pela Rússia.
À época, a Rússia exigiu o fim das sanções ocidentais impostas ao país e a redução da presença militar dos EUA em países do leste europeu para se manter no tratado, o que foi recusado pelos americanos.
“Nenhuma dessas condições foi cumprida. Além disso, os EUA tomaram uma série de novas medidas “antirrussas”, que alteram radicalmente o equilíbrio estratégico que existia no momento da assinatura do acordo e criam ameaças adicionais à estabilidade estratégica”, afirmou o Kremlin, em nota distribuída pela agência Interfax.
A lei assinada nesta segunda-feira por Putin já havia sido aprovada no início deste mês por ambas as câmaras do Parlamento russo, a Duma – a Câmara dos Deputados – e o Senado, e na prática constitui uma “denúncia” formal do pacto.
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Controle de armas por um fio
Líderes ocidentais têm acusado Putin de agitar ameaças nucleares para tentar intimidar países ocidentais desde a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Em 2023, Putin também anunciou a suspensão da participação do país no tratado de desarmamento nuclear New Start (sigla em inglês para Strategic Arms Reductions Treaty), o último grande tratado de controle de armas remanescente firmado pela Rússia e EUA.
O New Start havia sido assinado em 2010, entrando em vigor no ano seguinte. Em 2021, logo após Joe Biden assumir a presidência dos EUA, foi estendido por mais cinco anos.
No tratado, Moscou e Washington se comprometeram a reduzir a 1,550 o número de suas ogivas nucleares; e o dos sistemas de lançamento – como mísseis intercontinentais, mísseis instalados em submarinos e aviões bombardeiros – a 800, no máximo. Para garantir isso, o acordo permitia a cada parte realizar até 20 inspeções por ano no país cossignatário.
No entanto, ao anunciar a suspensão, Putin ressaltou que a Rússia não estava se retirando formalmente do tratado. Em setembro de 2025, ele voltou a mencionar o New Start, previsto para expirar em fevereiro de 2026, levantando a hipótese de que ele possa ser prorrogado por mais um ano, mas pouco se sabe sobre eventuais negociações em andamento.
Em mais uma adição às tensões envolvendo armas nucleares, a Rússia anunciou no domingo que teria realizado com sucesso um teste de seu novo míssil de cruzeiro com propulsão nuclear Burevestnik. Pouco depois, o presidente dos EUA, Donald Trump, descreveu o anúncio de Putin sobre o teste como ““, em meio às crescentes tensões entre Moscou e Washington.
A Rússia e os Estados Unidos são, de longe, as maiores potências nucleares do mundo. Juntos, os dois países controlam cerca de 8 mil ogivas nucleares, embora muito menos do que o pico de 73 mil ogivas em 1986.
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Por: Metrópoles





