Investigações posteriores também ligaram um importante ultra do Milan ao suposto tráfico de drogas e à 'Ndrangheta. A infiltração criminosa se estende muito além de Milão, atingindo várias outras cidades italianas, com mafiosos buscando dominar torcedores e clubes em todos os níveis do futebol profissional, de acordo com os documentos e entrevistas com dois promotores. Inter e o rival Milan, ambos de propriedade de investidores norte-americanos, disseram que estão cooperando com as autoridades."A Inter, como clube, está em uma posição subserviente em suas negociações com os membros da Curva Nord", escreveram os promotores no documento, analisado pela Reuters.
O Milan disse que forneceu às autoridades toda a documentação solicitada. "Continuamos a seguir a orientação dos especialistas da promotoria para identificar e trabalhar nas áreas em que precisamos intervir", afirmou o clube em um comunicado."Quero assegurar a todos os nossos torcedores que nós somos a parte prejudicada, como disseram as autoridades", afirmou o presidente da Inter, Giuseppe Marotta, à emissora Sky em outubro. O clube não quis fazer mais comentários quando procurado pela Reuters.
"Controle militar"
A maioria dos clubes do futebol italiano é apoiada por grupos de ultras -- torcedores que levam faixas, coordenam os cânticos por meio de megafones e fazem exibições em estilo mosaico nos jogos. Seus rituais foram copiados por grupos de torcedores em toda a Europa. Com raízes que remontam à década de 1960, esses grupos organizados sempre tiveram um elemento violento, entrando em conflito com gangues e se dividindo em uma série de facções rivais.Ele afirmou à Reuters que esses grupos usam "intimidação e retaliação violenta" para controlar as atividades comerciais ligadas aos campos de futebol. Os promotores intensificaram suas investigações sobre esses grupos após os assassinatos de dois líderes ultras da Inter com vínculos com o submundo do crime nos últimos dois anos. Melillo coordena quatro promotores adjuntos dedicados a desvendar o cruzamento entre futebol, crime organizado e extremismo político em toda a Itália."O estádio é um lugar onde por muito tempo foi considerado necessário tolerar e, no máximo, conter exemplos de flagrante ilegalidade, governados por grupos organizados que exercem um controle quase militar sobre as arquibancadas", disse Giovanni Melillo, promotor-chefe antimáfia e antiterrorismo da Itália.
"As investigações... mostram o interesse dos grupos mafiosos em adquirir o controle de um clube de futebol, visto como um veículo extraordinário para a expansão dos negócios e o consenso social", acrescentou.