O ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA), sinalizou nesta 5ª feira (2.out.2025) seu interesse em disputar o Senado pelo Pará em 2026. Durante evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Belém, afirmou que apoiará o petista “onde quer que esteja”.
Sabino entregou a carta de demissão em 26 de setembro, mas segue no cargo –segundo ele, a pedido do presidente. Durante o evento, o ministro agradeceu a Lula em tom de despedida: “O que nós fizemos juntos no turismo nunca será esquecido”.
O União Brasil deu um ultimato para que filiados com cargos federais deixassem o governo sob pena de expulsão. O ainda ministro tem adiado sua saída. Nos bastidores, a avaliação é que Sabino busca o apoio de Lula para viabilizar sua candidatura ao Senado pelo Pará. A estratégia seria usar o palanque presidencial como trunfo na disputa.
Ao entregar sua carta de demissão, o ministro afirmou que esta 5ª feira (2.out) seria seu último dia no cargo. A legenda ainda não se pronunciou sobre a extensão do prazo.
“Nada, nenhum partido político, nem um cargo, vai me afastar desse povo que eu amo e do meu estado, presidente. Conte comigo onde quer que eu esteja para lhe apoiar”, disse Sabino no evento.
O ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA), também enfrenta pressão para deixar o governo. O PP estabeleceu prazo também até 5ª feira (2.out) para sua saída, mas a permanência pode se estender até domingo (5.out).
Fufuca –deputado licenciado– circulou na Câmara dos Deputados na 4ª feira (2.out) durante a votação da isenção do IR (Imposto de Renda), principal medida eleitoral de Lula para 2026. A proposta foi aprovada por unanimidade.
A articulação em favor de Lula sinaliza preparação para voltar à vida parlamentar. Assim como Sabino, Fufuca têm ambições de disputar o Senado em 2026 e busca apoio do presidente no pleito.
Há movimentações para que ambos consigam permanecer no governo por meio de licença, mas enfrentam resistência de seus partidos. O União Brasil é mais intransigente que o PP nessa questão.
Aliados do PP afirmam que Fufuca deve deixar o governo. A sigla avalia que o ministro perderia o comando estadual do partido caso permanecesse no cargo –algo considerado “inaceitável” para ele. A leitura é de que a possibilidade de licença ainda é remota.
A saída dos ministros faz parte do desembarque do centrão da Esplanada após a formação da federação entre União Brasil e Progressistas. A federação representa a maior força no Congresso, com 109 deputados e 14 senadores.
A tensão entre Lula e o União Brasil aumentou com a operação Carbono Oculto da Polícia Federal. A investigação mira o presidente da legenda, Antônio de Rueda, e foi interpretada pela sigla como possível retaliação do governo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), negou qualquer ingerência.