• Sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Internet tem mercado de garrafas vazias de bebidas de marca

É possível comprar garrafas de Absolut, Beefeater e Smirnoff por apenas R$ 10 a unidade.

Garrafas vazias de bebidas alcoólicas de marcas conhecidas são vendidas livremente em sites de comércio eletrônico a partir de R$ 10. Os anúncios oferecem recipientes originais, com rótulos preservados e tampas, além de lacres adaptados.

Embora não seja ilegal, a oferta desses itens em sites como Mercado Livre e Shopee facilita a adulteração de bebidas –uma prática que tem se tornado o centro de investigação pela PF (Polícia Federal) por causa do aumento de casos de intoxicação por metanol no país. No boletim da tarde de 5ª feira (2.out.2025), o Ministério da Saúde afirmou que há 59 casos sob suspeita.

No Mercado Livre, os anúncios incluem um pacotes de 50 lacres para whisky Royal Salute por R$ 25,99. Uma garrafa original da bebida escocesa é vendida de R$ 800 a R$ 1.200 pela internet.

Na Shopee, uma garrafa de vodka Absolut de 1 litro custa R$ 10,98. Há ainda garrafas de Beefeater anunciadas por R$ 15. Os preços das bebidas originais variam entre R$ 80 e R$ 130.

Outro item vendido é um kit com 10 garrafas de Smirnoff, com rótulos e tampas, vendidos por R$ 30. A vodka original custa, em média, de R$ 35 a R$ 55 nas garrafas de 750 ml a 1 litro, enquanto as versões maiores, de 1,75 litro, variam entre R$ 50 e R$ 75.

Também estão disponíveis nas lojas on-line kits de 12 garrafas lisas de 750 ml por R$ 53,45 e lacres para fechamento por R$ 15,66 o pacote com 100 unidades.

A compra ou venda dos produtos não caracteriza envolvimento em comércio de bebidas batizadas. Os itens também são adquiridos por consumidores para fins de decoração, coleções ou produção artesanal de bebidas.

Os relatos de pessoas intoxicadas por metanol se iniciaram em agosto, em São Paulo. De acordo com o Ministério da Saúde, há 12 casos de intoxicação confirmados.

Um óbito por metanol já foi confirmado em São Paulo. Outros 7 estão em análise: 2 em Pernambuco; 3 na cidade de São Paulo; e 2 em São Bernardo do Campo (SP).

Diante da repercussão dos casos de intoxicação por metanol, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou urgência para projeto que classifica a adulteração de alimentos e bebidas como crime hediondo. A proposta projeta penas de até 30 anos, com progressão mais lenta de regime e sem possibilidade de fiança.

O metanol, também conhecido como álcool metílico (CH₃OH), é uma substância química altamente tóxica, volátil e inflamável. Trata-se de um álcool simples, incolor, de odor semelhante ao da bebida alcoólica comum. No passado, era chamado de “álcool da madeira” por ser obtido da destilação de toras. Hoje, é produzido em escala industrial, sobretudo a partir do gás natural.

O líquido é usado como matéria-prima para a produção de formaldeído, ácido acético, resinas, solventes e tintas. Também está presente em anticongelantes, limpa-vidros e removedores de tinta. No Brasil, uma das principais aplicações é na produção de biodiesel, por meio da transesterificação.

A ingestão de 4 mL a 10 mL de metanol pode causar danos irreversíveis, como a cegueira, segundo o CFQ (Conselho Federal de Química). O conselho alerta que pequenas doses já representam uma ameaça real à vida. Estima que 30 mL de metanol puro podem ser letais.

O perigo maior da ingestão de metanol aparece nos efeitos tardios, afirma o Conselho Federal de Química. O metanol é metabolizado no organismo em formaldeído e ácido fórmico, este último responsável por causar acidose metabólica — um grave desequilíbrio do pH sanguíneo. Os sintomas incluem:

De acordo com a Abno (Associação Brasileira de Neuro-oftalmologia), o diagnóstico deve ser feito a partir da história clínica do paciente e por exames de sangue e de imagem.

Em caso de suspeita de ingestão ou contato prolongado com metanol, não induza o vômito e encaminhe a pessoa com urgência para o hospital. Quanto mais cedo forem realizados o diagnóstico e o tratamento, menor é o risco de morte ou de sequelas graves.

O tratamento é feito com medicamentos intravenosos (fomepizol) que, assim como o etanol, podem inibir o metabolismo do metanol, evitando a formação do ácido fórmico, causador das sequelas mais graves. O paciente pode ser submetido à lavagem gástrica e hemodiálise.

Segundo o Conselho Federal de Química, o problema surge quando o metanol é usado de forma criminosa na adulteração de bebidas alcoólicas.

A ingestão, inalação ou contato prolongado com o metanol pode provocar sintomas imediatos, como náusea, tontura, vômito e depressão do sistema nervoso central.

Para evitar intoxicações, recomenda-se:

A fiscalização rigorosa de órgãos governamentais e as análises laboratoriais periódicas feitas por profissionais da química são essenciais para prevenir tragédias. Eles têm o papel de identificar contaminantes, garantir a qualidade dos produtos e conscientizar a população sobre os riscos do consumo de bebidas adulteradas.

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Por: Poder360

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