• Sábado, 9 de agosto de 2025

“Pessoas estão sendo baleadas como animais”, diz MSF sobre Gaza

Organização relata tiros intencionais contra civis em busca de comida nos centros militarizados da GHF.

O MSF (Médicos Sem Fronteiras) exigiu o fechamento dos pontos de distribuição de alimentos organizados pela GHF (sigla para Fundação Humanitária de Gaza), no relatório “Isto não é ajuda. É um assassinato orquestrado”, divulgado na 4ª feira (6.ago.2025).

Segundo o documento, as autoridades israelenses começaram a desmantelar a resposta humanitária liderada pela ONU (Organização das Nações Unidas) na Faixa de Gaza em maio. O MSF disse que os centros da GHF estão localizados em zonas sob total controle militar e integram, na prática, um mecanismo institucionalizado de fome e desumanização. Eis a íntegra, em inglês (PDF – 3 MB).

O MSF pede o fim imediato da distribuição feita pela GHF e apela aos países e doadores privados que suspendam qualquer financiamento ao sistema.

O documento relata casos de violência, como os verificados no centro de distribuição em Khan Younis, onde muitas pessoas apresentaram ferimentos precisos nos membros inferiores, sugerindo tiros intencionais.

As pessoas estão sendo baleadas como animais. Elas não estão armadas. Não são soldados. São civis carregando sacolas plásticas, tentando levar para casa um pouco de farinha ou macarrão”, disse um coordenador médico do MSF, que não teve seu nome divulgado no documento.

Segundo os números do relatório, de 7 de junho a 24 de julho, os 2 centros de saúde do MSF em Gaza atenderam 1.380 pessoas feridas e receberam 28 corpos vindos dos centros da GHF. Destes, 27 eram homens jovens com ferimentos de bala no tronco superior, o que sugere tiros letais e direcionados.

Entre os feridos atendidos, 174 apresentavam ferimentos por arma de fogo disparada nas imediações dos centros de distribuição da GHF. Segundo o relatório, 96% dessas vítimas eram homens jovens, o que revela uma estratégia de sobrevivência adotada pelas famílias: enviar os mais fortes para tentar obter alimentos. Muitos chegavam às clínicas cobertos de areia e poeira, depois de passarem longos períodos deitados no chão, tentando se proteger dos disparos.

Na 3ª feira (5.ago.2025), Israel afirmou que vai permitir a entrada gradual e controlada de mercadorias em Gaza por meio de comerciantes locais. Os produtos aprovados incluem alimentos básicos, papinhas para bebês, frutas, verduras e itens de higiene.

Imagens de palestinos famintos, incluindo crianças, alarmaram o mundo nas últimas semanas, enquanto um vídeo divulgado pelo Hamas no domingo (3.ago) mostrando um refém israelense extremamente desnutrido atraiu duras críticas de potências ocidentais.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) identificou um aumento da desnutrição causada pela fome na Faixa de Gaza. O diretor-geral da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a agência ficou impossibilitada de entregar qualquer tipo de alimento no território palestino durante quase 80 dias, de março a maio de 2025.

Por: Poder360

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