Peru: após derrubada de Dina Boluarte, interino assume a presidência
O presidente do Parlamento peruano, José Jeri, 38 anos, assumiu nesta sexta-feira (10/10) a presidência do país andino
“Hoje, assumo com humildade a presidência da República, por sucessão constitucional, com o objetivo de formar e liderar um governo de transição”, declarou o novo chefe de Estado do , José Jeri, após prestar juramento diante do Parlamento.
“O inimigo principal são as quadrilhas e organizações criminosas. Eles são hoje nossos inimigos e, como tal, devemos declarar guerra a eles”, afirmou Jeri em seu primeiro discurso à nação.
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José Jeri era pelo partido de centro-direita Somos Peru desde 2021 e foi eleito presidente do Parlamento em julho. Ele exercerá o novo cargo até 26 de julho de 2026. Até lá, ele organizará eleições gerais em abril.
As principais forças políticas do Parlamento apresentaram na quinta-feira (9/10) várias moções de destituição contra Dina Boluarte, 63 anos, alegando “incapacidade moral permanente” para exercer o cargo.
A destituição foi aprovada por maioria após uma sessão na qual Boluarte não compareceu, apesar de ter sido convocada. Com isso, ela perdeu a imunidade e ficou exposta a possíveis processos judiciais que podem levá-la à prisão.
Em um discurso transmitido pela TV Peru a partir do palácio presidencial, ela defendeu sua gestão. “Durante todo esse tempo, não pensei em mim, mas nos mais de 34 milhões de peruanos e peruanas”, declarou.
Dina Boluarte já havia enfrentado várias tentativas de destituição, todas sem sucesso até agora. Desta vez, a medida foi aprovada após partidos de direita e extrema direita que a apoiavam retirarem o apoio.
O Peru vive o período mais instável de sua história política recente, com sete presidentes em menos de nove anos.
Escândalos e investigações
Boluarte chegou ao poder após a destituição do presidente Pedro Castillo, em meio à repressão de manifestações que deixaram ao menos 50 mortos. Seu mandato foi marcado por índices recordes de impopularidade.
Ela também foi envolvida em diversos escândalos, como o “Rolexgate”, sobre relógios e joias de luxo não declarados, e uma rinoplastia realizada secretamente em julho de 2023, quando a lei exigia que o Parlamento fosse informado.
Nas últimas semanas, os protestos contra o governo se intensificaram em Lima, em meio a uma onda de extorsões e assassinatos atribuídos ao crime organizado.
Ataque a grupo musical
A nova crise política ocorre após um grupo musical ter sido alvo de tiros na noite de quarta-feira (8/10) em Lima, deixando cinco feridos, quatro deles músicos.
As autoridades ainda não determinaram se o ataque está ligado à onda de extorsões que afeta principalmente a capital, com 10 milhões de habitantes.
O presidente da Associação de Artistas e Empresários do Peru, Walter Dolorier, afirmou que os músicos haviam recebido “ameaças” de grupos criminosos.
“Os peruanos vivem em constante medo”, denunciou na noite de quinta-feira a deputada Norma Yarrow, do partido de direita Renovación Popular.
Atualmente, os ex-presidentes Alejandro Toledo e Ollanta Humala estão presos por corrupção em uma penitenciária especial no leste de Lima. Pedro Castillo também está detido, aguardando julgamento por tentativa de golpe contra o Parlamento.
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Por: Metrópoles