Entenda os números
As contas externas são um indicador que mede a relação de troca do Brasil com os demais países. O saldo é calculado por meio do resultado de outros indicadores, como:- balança comercial (saldo entre exportações e importações)
- balança de serviços (gastos com transportes, viagens, seguros, aluguel de equipamentos, propriedade intelectual e telecomunicações)
- renda primária (pagamentos de salários, remessa de juros, lucros e dividendos)
- renda secundária (transferências entre pessoas)
Balança comercial com tarifaço
Os resultados das balanças comercial e de serviços são os principais fatores que explicam o déficit menor das contas externas brasileiras em agosto ante o mesmo mês do ano passado. Em agosto de 2025, a balança comercial contribuiu positivamente com saldo de US$ 5,5 bilhões. O valor no campo positivo é resultado de crescimento nas vendas para o exterior (US$ 30,0 bilhões, alta de 3,8%) e diminuição nas importações (US$ 24,5 bilhões, caíram 2,6%). Para efeito de comparação, no mesmo mês de 2024 o saldo da balança comercial tinha sido de US$ 3,7 bilhões. Agosto foi o primeiro mês com efeito do tarifaço americano imposto às exportações brasileiras, que aplica taxas de até 50% em parte dos produtos enviados. De acordo com o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, a alta das exportações mesmo com o tarifaço em agosto pode ser explicada por busca de novos mercados. “É uma coisa interessante para ficar acompanhando, a gente pode ter novos mercados”, disse, ao citar casos da China e da Argentina.Outros resultados
Na balança de serviços, houve déficit de US$ 4,2 bilhões em agosto, no entanto, o resultado foi 20,3% menor que o do mesmo mês de 2024. O déficit em renda primária ficou em US$ 6,3 bilhões em agosto. Diferentemente do comércio e dos serviços, esse resultado representa alta de 6,4% na comparação interanual. Já a conta de renda secundária ficou positiva em US$ 397 milhões.Alta no déficit acumulado
Ao explicar porque o déficit em conta corrente nos oito primeiros meses do ano saltou de US$ 36,7 bilhões em 2024 para US$ 46,8 bilhões em 2025, Fernando Rocha apontou para a balança comercial, que continua no positivo, mas em menor patamar.O chefe do Departamento de Estatísticas assinala que esse comportamento da balança comercial é explicado por estabilidade das exportações (+0,3%) e alta de 6,1% das importações.“A gente pode dizer que praticamente a totalidade dessa piora no déficit interno das transações correntes refletiu a redução do superávit comercial no período, caiu de US$ 48 bilhões para US$ 37,5 bilhões”.
Investimentos estrangeiro
O Banco Central divulgou também informações sobre os investimentos diretos no país (IDP), isto é, dinheiro estrangeiro que entra no Brasil para compra e ampliação de empresas, por exemplo. Em agosto, os investimentos apresentaram saldo positivo de US$ 8 bilhões, valor próximo ao registrado em agosto de 2024. No acumulado de 12 meses, o montante é de US$ 69 bilhões (3,18% do PIB). Em agosto de 2024, esse saldo era de US$ 71,2 bilhões.Colchão de segurança
As reservas internacionais somaram US$ 350,8 bilhões em agosto, expansão de US$ 5,7 bilhões em relação ao mês anterior. É o maior patamar desde novembro de 2024 (US$ 363 bilhões). Conforme explica o BC, as reservas internacionais são ativos do Brasil em moeda estrangeira e funcionam como uma espécie de seguro, um colchão de segurança para o país fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques de natureza externa, como saída em massa ou interrupção de entrada de dólar no país. Relacionadas
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