Muito antes de se tornar um dos maiores nomes da música brasileira, Ney Matogrosso viveu um episódio marcante — e violento — na Universidade de Brasília (UnB). A história não tem destaque em Homem com H, cinebiografia recém-disponibilizada na Netflix, mas foi contada na .
Naquele tempo, Ney integrava um grupo vocal da capital. “O Madrigal Renascentista, oficialmente Madrigal da Rádio Educadora de Brasília, liderado pelos irmãos Geraldo e Alexandre Torres, levava Ney a fazer recitais mais íntimos, como uma apresentação realizada a um casal de alemães no apartamento de Tonho.”
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Sua voz chamou a atenção de, estudante de arquitetura e agitador cultural da UnB. Inspirado pelos festivais musicais do Rio e de São Paulo, Paulo decidiu montar um show coletivo para receber uma turma de estudantes vindos de Minas Gerais.
“Inspirado pelos festivais televisivos do Rio e de São Paulo, ele decidiu organizar um show coletivo no campus, com talentos locais e sem caráter competitivo, para receber uma turma de alunos que chegava de Minas. Paulo já tinha os músicos e a canção, ‘Só tinha de ser com você’, de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira. Faltava a voz.”

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1 de 8 Ney Matogrosso durante o serviço militar Reprodução
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2 de 8 Marco de Maria, médico que foi casado com Ney e morreu em decorrência do HIV Reprodução/Instagram
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3 de 8 Jesuíta Barbosa e Ney Matogrosso @homemcomh/Instagram/Reprodução
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4 de 8 Ney Matogrosso com Esmir Filho no set @esmirfilho/Instagram/Reprodução
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5 de 8 Jesuíta Barbosa como Ney Matogrosso em Homem com H Reprodução
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6 de 8 Jesuíta Barbosa como Ney Matogrosso em Homem com H Reprodução
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7 de 8 Jesuíta Barbosa caracterizado com figurino usado para a performance de Bandido Corazón @esmirfilho/Instagram/Reprodução
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8 de 8 Jesuíta sendo preparado para entrar em cena @esmirfilho/Instagram/Reprodução
A escolha foi por Ney. Ele aceitou, mesmo sendo a primeira vez que cantaria uma canção popular diante de uma plateia. “Era a primeira vez que Ney cantaria em público uma música popular. Minutos depois de começar o show, bastante centrado nas dificuldades da , ele já havia passado da primeira parte quando ouviu um grito na plateia. ‘Bicha!’”
O ataque homofóbico ecoou pelo ginásio. Ney reagiu de forma imediata.
“O som ecoou pelo ginásio e o rapaz que gritara acabou sendo localizado. Ney o encarou, fez um gesto para a banda segurar o volume e o fulminou: ‘O que foi que você disse?’. Sem resposta, ele ainda insistiu: ‘Repete o que você falou’. Diante do silêncio, retomou a canção, seguiu seguro até o fim e recebeu muitos aplausos.”
O episódio deixou uma marca que atravessa sua trajetória. “Não foram os trejeitos, as danças nem os figurinos a razão da primeira rejeição homofóbica que Ney sentiu num palco. O alvo era a sua voz.”
Naquela noite, Ney Matogrosso não recuou. Transformou um ataque num ato de firmeza. E deu ao Brasil uma primeira amostra do artista corajoso que viria a romper barreiras, desafiar padrões e se tornar símbolo de resistência.