Uma pesquisa Datafolha indicou que 61% dos brasileiros acha que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deveria proibir a exploração de petróleo na chamada Margem Equatorial. O levantamento foi encomendado pela Ekō, uma organização norte-americana de responsabilização corporativa e divulgado pela agência Reuters.
A perfuração na Margem Equatorial é considerada estratégica pela Petrobras, porque pode revelar novas reservas de petróleo semelhantes às do pré-sal. Estudos da CNI (Confederação Nacional da Indústria) projetam que a produção poderá acrescentar até R$ 200 bilhões ao PIB brasileiro em 10 anos.
No entanto, o projeto enfrenta resistência de ambientalistas, que apontam riscos à biodiversidade da região da Foz do Amazonas.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, a pesquisa entrevistou presencialmente 2.005 eleitores brasileiros em 112 cidades de todas as regiões do país nos dias 8 e 9 de setembro deste ano. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Segundo o levantamento, a oposição ao projeto é maior entre os brasileiros de 16 a 24 anos, chegando a 73%.
Na 3ª feira (14.out), o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) divulgou um parecer técnico fazendo novas exigências à Petrobras no processo de licenciamento ambiental para a perfuração do bloco FZA-M-59, na Margem Equatorial.
A região é dividida em mais de 40 blocos exploratórios, onde atuam 14 empresas, como a Chevron, a ExxonMobil e a CNPC. O órgão pediu detalhamentos sobre os planos de emergência e de proteção da fauna apresentados pela estatal.
A pesquisa mostrou um apoio amplo à proteção ambiental, com 77% dos entrevistados concordando com a meta de Lula de acabar com o desmatamento ilegal até 2030. Apesar da concordância, o levantamento indicou forte ceticismo: somente 17% dos eleitores acreditam que o objetivo seja alcançável.
Além disso, 60% dos entrevistados falaram sobre impactos negativos das mudanças climáticas, enquanto 81% afirmaram que o governo deveria fazer mais para proteger comunidades marginalizadas das alterações do clima.
Apesar de se posicionar como um defensor global da luta contra as mudanças climáticas, Lula tem defendido o direito do Brasil de avaliar o potencial petrolífero da região da Margem Equatorial.
“Os próximos meses serão decisivos para o legado de Lula”, afirmou a coordenadora de campanha da Eko, Vanessa Lemos, em comunicado citado pela Reuters. “A maioria dos eleitores brasileiros quer que ele proteja a natureza e o clima”.
O Brasil receberá em novembro a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) em Belém (PA).