Antes de viajar a Israel e à Palestina, o ministro das Relações Exteriores alemão, Johann Wadephul, emitiu comunicado na 5ª feira (31.jul.2025) afirmando que a Alemanha “será obrigada a responder” diante de “ameaças” por parte de ministros israelenses de anexar a Cisjordânia ocupada.
“À luz das ameaças abertas de anexação por parte de alguns integrantes do governo israelense, um número crescente de países –incluindo muitos na Europa– está agora preparado para reconhecer um Estado palestino, mesmo sem um processo de negociação prévio”, afirmou Wadephul, segundo a agência Reuters.
Desde que a França anunciou que reconhecerá o Estado palestino em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), outros países do G7, como o Reino Unido e o Canadá, também sinalizaram que tomarão a mesma medida.
“Se forem tomadas medidas unilaterais de Israel”, como a anexação de territórios, “a Alemanha também será obrigada a responder”, disse o ministro.
A viagem de Wadephul a Israel e à Palestina foi classificada por Berlim como uma missão para apurar os fatos no local, por causa da crescente preocupação da comunidade internacional com uma crise de fome em Gaza.
As declarações do ministro das Relações Exteriores foram consideradas a advertência mais forte da Alemanha a Israel desde o início da guerra em Gaza, iniciada em 7 de outubro de 2023, depois de um ataque do Hamas.
Críticos, no entanto, dizem que a resposta alemã continua a ser excessivamente cautelosa, em razão do sentimento de culpa histórica pelo Holocausto, que vitimou milhões de judeus durante a 2ª Guerra Mundial (1939-1945).
Tal cautela acabaria enfraquecendo uma resposta coletiva do Ocidente para exercer pressão sobre Israel.
Em sua declaração, Wadephul reafirmou a posição da Alemanha de que uma resolução sustentável para a guerra em Gaza só pode ser alcançada por meio da negociação para a coexistência de 2 Estados.
Segundo o ministro alemão, o processo de paz no Oriente Médio “está em uma encruzilhada” e, portanto, as discussões para encontrar uma solução de 2 Estados “devem começar agora”.
A coalizão que sustenta o governo de Netanyahu em Israel inclui 2 partidos de extrema-direita que defendem a conquista total de Gaza e a reimplantação de assentamentos judaicos na região.
Dois ministros do governo manifestaram na 5ª feira (31.jul) apoio à anexação da Cisjordânia, atualmente ocupada por Israel.
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 matou 1.200 israelenses e deu início à guerra em Gaza. Segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, mais de 60.000 palestinos foram mortos desde então.
Além disso, organizações internacionais e autoridades de saúde alertam para um número crescente de civis morrendo de fome e desnutrição, intensificando as críticas a Israel por suas restrições à entrada de ajuda humanitária no enclave.