Joel Kaplan, diretor de temas globais da Meta, afirmou que a plataforma não usará as notas da comunidade para punir usuários. Em entrevista à Fox News publicada na 5ª feira (13.mar.2025), disse também que não haverá limite por usuário para distribuição do novo sistema de checagem de fatos.
“Além da parcialidade, o programa de checagem terceirizado estabelecia penalidades, em que, quando algo era tido como errôneo, nós reduzíamos drasticamente seu alcance. E isso transformou um programa que servia para ajudar a adicionar mais informações em uma ferramenta de censura”, disse Kaplan, à Fox News.
A big tech anunciou no início de janeiro que iria encerrar o seu sistema de verificação de fatos, que era feito em parceria com empresas especializadas. Adotou um sistema similar ao que Elon Musk implementou no X (ex-Twitter).
Kaplan disse que o sistema de checagem era “bem intencionado” no começo da parceria, mas que, posteriormente, “se mostrou politicamente parcial”. Conforme o diretor, já há uma fila de “alguns centenas de milhares” de pessoas interessadas em participar do novo sistema de verificação de fatos.
“São vários norte-americanos que usam o Facebook e o Instagram e querem poder adicionar contexto ao que veem quando pensam que é errôneo. E o melhor das notas da comunidade é que, ao invés de serem alguns auto-intitulados especialistas como os checadores de fatos terceirizados, é nossa comunidade, que é imparcial, pessoas diversificadas ideologicamente de todos os espectros políticos”, disse Kaplan, à Fox News.
A Meta vai selecionar os interessados de maneira aleatória e começar a testar o novo sistema gradualmente. A plataforma informou que não decidirá o que será escrito ou publicado nas notas, mas selecionará membros da comunidade para participar do modelo de verificação de fatos. Para isso, segundo Kaplan, será usado um algoritmo similar ao do X.
“O algoritmo só vai se aplicar às notas da comunidade quando pessoas que normalmente discordam, concordarem que algo é errôneo. E é assim que você garante que a parcialidade que se instaurou nos checadores terceirizados não seja parte do sistema”, afirmou.
Kaplan explicou ainda que, com exceção de anúncios, todo conteúdo está suscetível a receber uma nota, inclusive postagens da Meta, de executivos da plataforma ou políticos e outras pessoas públicas.
A decisão de encerrar o programa de checagem de fatos foi anunciada pelo fundador da Meta, Mark Zuckerberg. Ele afirmou que as políticas atuais de verificar tudo o que é publicado e as práticas de moderação de conteúdo “foram longe demais“ e que é preciso “restaurar a liberdade de expressão” no Facebook e no Instagram.
“Vamos voltar às nossas raízes e nos concentrar em reduzir erros, simplificar nossas políticas e restaurar a liberdade de expressão em nossas plataformas. Mais especificamente, vamos nos livrar dos verificadores de fatos e substituí-los por ‘notas da comunidade’ semelhantes ao que faz o X, começando nos EUA”, disse Zuckerberg.
O presidente da Poynter Institute, Neil Brown, classificou a decisão da Meta de encerrar a checagem de fatos nas redes sociais como “decepcionante” e afirmou que nunca houve censura por parte dos checadores.
O Poynter Institute é a empresa dona da PolitiFact, que atuava como uma das parceiras da Meta na checagem de fatos no Facebook e Instagram. Brown disse que a big tech sempre “deu as cartas” e que “fatos não são censura”.
“É uma perpetuação de uma má interpretação do programa. Fatos não são censura. Checadores de fatos nunca censuraram nada. E a Meta sempre deu as cartas. É hora de parar de invocar e inflamar falsos discursos contra o papel do jornalista e da checagem de fatos”, disse o presidente do Poynter Institute.
A decisão da plataforma foi celebrada por políticos de direita. O deputado federal e ex-secretário da Cultura no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Mario Frias (PL-SP), disse que agora a empresa “se posiciona como um defensor da liberdade de expressão em um cenário cada vez mais conturbado”. Mas avalia que Zuckerberg deverá acabar sendo rotulado como um “bilionário de extrema-direita, assim como Elon Musk”, dono do X.
O ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado, disse que “nunca é tarde para voltar atrás e defender a liberdade nas redes”.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) declarou que as big techs entenderam que a censura às redes sociais não é algo saudável as democracias e para as liberdades individuais.
O senador Magno Malta (PL-ES) chamou Zuckerberg de “esquerdista aliado ao politicamente correto”, mas que agora “mandou um recado” ao STF (Supremo Tribunal Federal) sobre censura.