• Sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Lula chega à África do Sul para o G20 e se reúne com Ramaphosa

Encontro bilateral discutiu comércio, energia e clima antes da cúpula, que será realizada neste fim de semana em Joanesburgo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou nesta 6ª feira (21.nov.2025) em Joanesburgo, capital da África do Sul, para participar da Cúpula de Líderes do G20, que será realizada no sábado e no domingo (22 e 23.nov). Logo depois da chegada, Lula se reuniu com o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa (Congresso Nacional Africano, centro-esquerda).

A conversa abordou temas centrais da agenda internacional, como transição energética, minerais críticos, mudanças climáticas, trabalho decente e perspectivas para a economia global. Esses pontos também compõem as prioridades da presidência sul-africana do G20. O Brasil presidiu o grupo em 2024 e compõe a “troika”, conjunto formado pelos países que podem comandar o fórum.

Durante o encontro, Lula enfatizou sua relação de proximidade com Ramaphosa e comentou que ambos optaram por uma postura menos protocolar nas conversas bilaterais. “Ele é um dirigente sindical mineiro e eu sou um dirigente sindical metalúrgico. Então, nós somos 2 companheiros, não vamos tratar de excelência nem de presidente”, afirmou Lula.

O petista também ressaltou a intenção de aprofundar a cooperação econômica entre os 2 países. Segundo ele, o objetivo é ampliar o fluxo comercial e torná-lo mais equilibrado.

“Colocar os nossos empresários, os nossos homens de negócio e os nossos ministros em torno de uma mesa e dizer que nós queremos aumentar o comércio com a África do Sul. Nós queremos comprar mais e queremos vender mais. E queremos que o comércio seja equilibrado naquilo que temos capacidade de comercializar, sempre levando em conta a similaridade que existe entre o Brasil e a África do Sul”, declarou.

Lula reforçou que a parceria com o país africano tem caráter estratégico para o Brasil e que a cooperação no âmbito do G20 deve se aprofundar. “Esteja certo de que você vai contar com o Brasil não só nesse G20, mas vai contar com o Brasil porque a África do Sul, para nós brasileiros e para mim como presidente, é uma relação que precisa ser preferencial”, afirmou.

Os presidentes também discutiram iniciativas conjuntas no campo da energia limpa, temas ligados ao desenvolvimento sustentável e possíveis agendas compartilhadas para influenciar debates globais, especialmente aqueles voltados ao Sul Global.

Na manhã de sábado, Lula participará de sessões sobre crescimento econômico sustentável. Tratará também de questões rurais de desenvolvimento econômico e comércio internacional. Pela tarde, terá sessões para falar de temas como a redução de risco de desastre, mudança do clima e transição energética justa.

No domingo pela manhã, o presidente terá uma sessão para tratar de minerais críticos. Durante briefing à imprensa para falar sobre a viagem de Lula, o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Philip Fox-Drummond Gough, afirmou que os minerais críticos são “prioridade” da África do Sul.

Segundo o embaixador, a ideia da cúpula é ter mais um debate econômico e financeiro do que um debate político.

O presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), decidiu boicotar o evento. Ele determinou que nenhum representante do governo norte-americano compareça à cúpula. A decisão se deu, segundo ele, por supostas “violações de direitos humanos” contra descendentes de colonos europeus no país.

Além de Trump o presidente da China, Xi Jinping (Partido Comunista da China, esquerda), anunciou que não estará presente na reunião do G20 e será representado pelo primeiro-ministro Li Qiang. A ausência dos chefes de Estado das duas maiores potências mundiais coloca em cheque a missão do G20.

Os presidentes de Rússia, Argentina e México também não estarão presentes no encontro. O russo Vladimir Putin (independente) não pode comparecer ao G20 porque tem um mandado de prisão expedido pelo TPI (Tribunal Penal Internacional), do qual a África do Sul é signatária. Putin é acusado de comandar o sequestro de crianças ucranianas para a Rússia depois do começo da guerra. Ele será representado por Maxim Oreshkin, vice-chefe do Gabinete da Presidência.

O argentino Javier Milei (La Libertad Avanza, direita) será representado por Pablo Quirino, ministro das Relações Exteriores. A Casa Rosada não especificou o motivo da ausência, mas Milei é conhecido por seu alinhamento diplomático com Trump, que boicota o evento. A presidente do México, Claudia Sheinbaum (Morena, esquerda), anunciou que não estará presente no evento, mas enviará um ministro do 1º escalão.

A Arábia Saudita será representada pelo príncipe Fahad bin Mansour bin Abdulaziz Al-Saud, que também preside a Aliança de Jovens Empreendedores do G20. O país costuma ser representado internacionalmente pelo príncipe-herdeiro e primeiro-ministro, Mohammad bin Salman.

Depois do anúncio do boicote de Trump, Lula manifestou seu apoio à África do Sul. Segundo o Planalto, Lula “destacou o apoio brasileiro à criação de um Painel Internacional sobre Desigualdade, com capacidade de assessoramento técnico sobre a matéria”.

Por: Poder360

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