O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, afirmou neste domingo (22.jun.2025) em coletiva de imprensa em Istambul que irá para um encontro em Moscou “para trabalhar junto” com o presidente russo, Vladimir Putin, em busca de uma solução para a guerra contra Israel depois da intervenção dos EUA na noite anterior.
Ao responder a jornalistas, o chanceler do Irã disse que os Estados Unidos “cruzaram uma linha vermelha muito grande” ao bombardear instalações nucleares iranianas. Araghchi classificou os ataques como uma “grave violação da Carta da ONU e do direito internacional” e anunciou que Teerã convocou uma reunião de emergência no Conselho de Segurança da ONU.
Na 5ª feira (19.jun.2025), Putin disse a jornalistas que uma intervenção militar norte-americana no Irã poderia provocar uma escalada perigosa no Oriente Médio e que uma saída política para a guerra deve garantir o direito do Irã à energia nuclear pacífica e à segurança de Israel.
O ministro também apelou ao Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para que condene formalmente a ofensiva. “Os Estados Unidos traíram a diplomacia, traíram as negociações. É irrelevante pedir ao Irã que retorne à diplomacia”, afirmou. “Nossa honra foi danificada e vamos nos defender. Não vamos abrir mão de nosso território, nossa honra e nosso povo.”
As declarações se dão depois que os Estados Unidos atacaram, no sábado (21.jun.2025), 3 instalações nucleares iranianas.
O ataque dos EUA teve como alvos os centros nucleares de Natanz, Isfahan e Fordow –sendo essa última a mais importante para o país persa.
Fordow é uma base nuclear construída no início dos anos 2000 no interior de uma montanha no centro do Irã. A topografia do local protege as instalações, principalmente contra ataques aéreos.
Depois da ofensiva dos EUA, o Irã voltou a atacar Israel. Segundo as FDI (Forças de Defesa de Israel), os iranianos lançaram mísseis em direção ao território israelense.
“Sistemas de defesa estão operando para interceptar a ameaça”, declararam os militares em publicação no Telegram. Eles afirmaram que a população foi “orientada a entrar em locais protegidos e permanecer lá até novo aviso”.
Pouco depois, as FDI publicaram nova mensagem autorizando a população a deixar os abrigos. “Forças de busca e resgate estão atuando em diversos locais do país onde foram recebidos relatos de projéteis caídos”, declararam.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), disse no sábado (21.jun) que os ataques ao Irã foram um “freio” ao programa nuclear iraniano. Disse que agora é o momento de Teerã aceitar a paz e ameaçou: “Haverá paz ou uma tragédia maior do que a que o Irã tem visto nos últimos dias”.
Trump falou por pouco mais de 4 minutos. Ele estava acompanhado do vice-presidente, J.D. Vance, do secretário de Estado, Marco Rubio, e do secretário de Defesa, Pete Hegseth. Declarou que os ataques foram um “espetáculo”. Disse que os alvos iranianos foram “completamente destruídos”.
O republicano disse que todos “ouviram” os nomes de Natanz, Isfahan e Fordow enquanto o Irã construía uma “máquina destrutiva”. Segundo ele, o objetivo dos ataques de sábado (21.jun) foi “a destruição do programa de enriquecimento de urânio e um freio à ameaça nuclear imposta pelo maior Estado financiador do terrorismo no mundo”.
Assista ao pronunciamento de Trump (4min32s):
O conflito começou em 12 de junho (horário de Brasília), quando Israel bombardeou instalações nucleares, bases militares e alvos estratégicos iranianos. Os bombardeios atingiram diversos pontos do programa nuclear iraniano, incluindo instalações em Natanz, oficinas de centrífugas próximas a Teerã, laboratórios em Isfahan e o reator de água pesada de Arak.
Em resposta, o Irã lançou 450 mísseis e 1.000 drones contra Israel, segundo estimativas do exército israelense. A maioria dos projéteis foi interceptada pelo sistema de defesa aérea israelense.
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