Na véspera da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta 3ª feira (4.nov.2025) que, se ele fosse diretor do BC (Banco Central), votaria para reduzir os juros básicos da economia, atualmente em 15% ao ano.
O colegiado terá encontro na 4ª feira (5.nov.2025) para definir o próximo patamar da Selic. A aposta majoritária é de manutenção dos juros no patamar atual. Haddad defende que há elementos suficientes para iniciar o ciclo de cortes, ao participar da cerimônia de abertura do “Bloomberg Green Summit”, em São Paulo.
“Eu não sei quando [cortar a Selic]. Eu não sou diretor do Banco Central. Se fosse, eu votava pela queda [na 4ª feira], porque não sustenta 10% de juros real”, declarou, referindo-se à taxa quando a inflação é descontada. Ele afirmou que a porcentagem elevada impacta a capacidade de produção do país.
O chefe da equipe econômica do governo Lula afirmou que o Brasil está em situação muito melhor do que os “analistas internos supõem” e está em posição mais vantajosa que outros países da América do Sul. Haddad citou indicadores que, segundo ele, são positivos:
Haddad disse que o dólar está abaixo de R$ 5,40, mesmo com analistas do mercado financeiro fazendo “previsões catastróficas” em relação à economia há 6 meses. O ministro afirmou que espera inflação dentro do intervalo da meta ainda em 2025.
O Boletim Focus de 2ª feira (4.nov.2025) mostrou que a projeção dos economistas para a taxa do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) foi de 4,55% para 2025. Está 0,05 ponto percentual acima do teto da meta, que é de 3%, mas tem tolerância de até 4,5%.
“A inflação, diziam que estaria dentro da banda da meta em 2027. Este ano nós vamos estar dentro da banda”, disse Haddad. O Banco Central estimou que a inflação voltaria para o intervalo da meta no 1º trimestre de 2026.
Levantamento da MoneYou mostra que os juros reais do Brasil –considerada a inflação– são de 9,51%, o 2º maior do mundo.
“[As taxas] vão ter que cair. Por mais pressão que os bancos façam sobre o Banco Central para não baixar o juro, elas vão ter que cair. Não tem como sustentar 10% de juro real com a inflação batendo a 4,5%. Você vai sustentar um juro de 15? Em nome do quê?”, disse Haddad.
O ministro afirmou que é preciso ter “razoabilidade”, porque a dose do remédio pode se tornar um “veneno”, dependendo da condição.
Haddad disse que há “teimosia” de agentes financeiros em relação às projeções econômicas, em especial da inflação. O BC utiliza como principal base o Boletim Focus, que é o relatório publicado semanalmente com as estimativas para diversos indicadores macroeconômicos.
“Esse negócio de expectativa tem muito de torcida no Brasil […]. O que eu vejo gente torcendo contra esse país é um negócio impressionante no mercado financeiro”, declarou o ministro.
Indicado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente do BC, Gabriel Galípolo, já defendeu em pelo menos 2 ocasiões o uso do relatório de mercado.





