Greves na França convocadas por sindicatos perdem força
Protestos foram organizados poucos dias antes do aguardado discurso de política geral do novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu
A mobilização social na França mostrou sinais de enfraquecimento nos protestos convocados por sindicatos para quinta-feira (2/10), em todo o país. Este novo dia de greves e manifestações foi organizado poucos dias antes do aguardado discurso de política geral do novo primeiro-ministro, Sébastien Lecornu.
O número de participantes nas ruas foi inferior ao da mobilização anterior. A CGT (Confederação Geral do Trabalho) anunciou a presença de “quase 600 mil” manifestantes em todo o país. Já a polícia contabilizou 195 mil pessoas nas ruas. Nos protestos do dia 18 de setembro, o Ministério do Interior havia registrado 500 mil participantes.
Leia também
O objetivo dos protestos é pressionar o novo chefe de governo a rever o atual projeto de Orçamento para 2026, considerado pelos sindicatos como uma política de austeridade.
“A indignação social é extremamente forte”, declarou Sophie Binet, secretária-geral da CGT. “Foram três dias em que os trabalhadores estiveram nas ruas dizendo: ‘O trabalho tem que remunerar’. Não aguentamos mais que os trabalhadores façam o maior sacrifício”, afirmou, antes da saída do cortejo em Paris.
Na área da Educação, cerca de 6,42% dos professores aderiram à greve. Segundo dados do Ministério da Educação Nacional, a taxa foi de 6,95% entre os docentes do ensino fundamental e de 6,13% entre os do ensino médio. O ministério também registrou “até sete bloqueios completos” de escolas e “40 interrupções” de aulas.
O sindicato Snes-FSU, que representa professores do ensino secundário, estimou em 27% o número de grevistas nos colégios franceses nesta manhã.
No setor público, 4,22% dos funcionários cruzaram os braços, em comparação com quase 11% em 18 de setembro — um reflexo claro do declínio da mobilização intersindical.
Participação da CUT
Entre os manifestantes, um grupo de sindicalistas brasileiros da CUT (Central Única dos Trabalhadores) estava presente no cortejo da capital francesa.
“A retirada de recursos do setor público, a precarização dos serviços públicos, é uma questão do capitalismo neoliberal que nós combatemos em todas as partes do mundo”, disse à RFI Jandhyra Uehara, secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT.
“Esta pauta do movimento sindical francês é importante para nós, porque conhecemos e acompanhamos esses retrocessos na busca pela redução da desigualdade”, completou.
Transportes funcionaram
Desta vez, os transportes foram menos afetados. Os trens de alta velocidade (TGV) e quase toda a rede de trens e metrôs de Paris funcionaram normalmente. O Ministério dos Transportes previa apenas “algumas interrupções” nos serviços TER, RER, Transilien e Intercités.
No setor aéreo, o impacto também foi limitado. Nenhuma interrupção significativa foi registrada nos aeroportos de Paris.
Para evitar episódios de violência, cerca de 76 mil policiais foram mobilizados. “Temos um pouco menos de efetivo do que em 18 de setembro”, declarou o ministro do Interior, Bruno Retailleau, na sede da polícia de Paris. Ainda assim, o contingente foi expressivo: cerca de 5 mil agentes estavam presentes na região metropolitana da capital.
Durante o cortejo, o primeiro-secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, foi vaiado por manifestantes que gritavam “PS colaborador” e “Volte a lamber os pés de Sébastien Lecornu”, em referência ao primeiro-ministro, que ainda não anunciou os nomes que irão compor seu futuro governo. A previsão é que o anúncio seja feito neste final de semana.
Questionado sobre a queda no número de participantes, Olivier Faure considerou a dinâmica “lógica”, já que os manifestantes perdem um dia de salário ao aderirem à greve.
Leia mais em , parceira do Metrópoles.
Por: Metrópoles