O governo federal gastou, desde 2014, cerca de R$ 3,5 bilhões em viagens para funcionários públicos cujos dados são mantidos em sigilo. O montante inclui passagens e diárias (hospedagem, alimentação e deslocamento).
Levantamento do jornal Folha de S.Paulo indica que 1 em cada 8 deslocamentos realizados no período teve o nome, o cargo e a função do trabalhador ocultados. Também não estão disponíveis as informações sobre o motivo e destino das viagens. O período analisado é de 2014 a abril de 2025.
Conforme a publicação, os valores para as diárias são depositados diretamente na conta do funcionário público, que não precisa apresentar nota fiscal para comprovar os gastos.
Em pouco mais de 10 anos, o Planalto gastou, em valores corrigidos pela inflação, quase R$ 2,8 bilhões em diárias para funcionários que não foram identificados. Esse montante é 20% da despesa total do governo com hospedagens nesse período.
Os gastos com passagens desses trabalhadores somam R$ 712 milhões, 10% dos valores desembolsados pelo Planalto.
A quantidade de viagens de funcionários públicos sob sigilo no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é de 15%. Eis o cenário desde 2014:
Eis o percentual dos valores gastos com diárias das viagens sob sigilo em relação ao total desembolsado em cada governo:
Eis o percentual dos valores gastos com voos das viagens sob sigilo em relação ao total desembolsado em cada governo:
Eis os 10 órgãos com as maiores quantidades de viagens em que o nome do funcionário está sob sigilo:
Ao jornal, a CGU (Controladoria Geral da União) e o MGI (Ministério da Gestão e Inovação) disseram que os órgãos que emitem a passagem são responsáveis por classificar a viagem como sigilosa ou não. Também determinam o período em que a informação será ocultada.
A Presidência declarou que as informações que podem comprometer a segurança do presidente são colocadas em sigilo –entre elas, comitivas de apoio técnico.
A PF afirmou que divulgar dados pode comprometer a capacidade operacional e investigativa do órgão. Os sigilos foram impostos por causa da natureza sensível da informação, uma vez que a divulgação das informações aumenta a vulnerabilidade dos agentes.
A PRF disse que a natureza policial das atividades do órgão exige tratamento reservado para dados sensíveis. Conforme a entidade, a divulgação das informações sobre as viagens pode se dar antes do previsto em lei.