• Terça-feira, 18 de novembro de 2025

Gigante do agro sofre golpe milionário e funcionário e empresário são presos por desvio de R$ 15 milhões

Esquema operado por mais de dois anos utilizava notas frias e documentos de transporte falsos para simular fretes inexistentes dentro do Grupo Bom Futuro; funcionário confessa participação e Justiça mantém prisões preventivas.

Esquema operado por mais de dois anos utilizava notas frias e documentos de transporte falsos para simular fretes inexistentes dentro do Grupo Bom Futuro; funcionário confessa participação e Justiça mantém prisões preventivas. O agronegócio mato-grossense, frequentemente associado à alta tecnologia, grandes operações logísticas e rígidos protocolos de governança, foi abalado nesta semana por um dos maiores golpes internos já registrados no setor. Um funcionário e um empresário foram presos suspeitos de arquitetar um esquema de fraude que, segundo diferentes levantamentos policiais e jornalísticos, desviou entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões do Grupo Bom Futuro, uma das maiores e mais estruturadas empresas agrícolas do país. O caso envolve Welliton Gomes Dantas, funcionário com mais de dez anos de atuação no grupo, e Vinícius de Moraes Sousa, empresário do setor de transportes. Ambos tiveram as prisões convertidas para preventivas, após serem flagrados manipulando sistemas internos e emitindo documentos falsos para justificar pagamentos que nunca deveriam ter ocorrido.
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    Como funcionava o esquema milionário que deu golpe na Bom Futuro As investigações apontam que o golpe ocorria por meio da simulação de fretes e serviços de transporte de gado que jamais foram realizados. Para isso, Vinícius, dono de uma transportadora, emitia CT-es (Conhecimento de Transporte Eletrônico) fraudulentos, que eram aprovados internamente por Welliton, responsável pela liberação de pagamentos no setor de transportes da Bom Futuro. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});Os documentos indicavam supostas viagens feitas por caminhões da transportadora. Na prática, o serviço havia sido executado por veículos próprios do grupo — ou sequer chegou a existir. No caso dos transportes internos dentro do estado, nem mesmo havia exigência do CT-e, o que, segundo o depoimento, abriu brechas para que o golpe começasse. A fraude teria se estendido por cerca de dois anos, período no qual os pagamentos liberados somam milhões em prejuízos ao grupo. Investimentos com dinheiro do golpe Durante o depoimento, Welliton confessou ter utilizado os valores desviados para comprar um apartamento na planta, um terreno em condomínio, dois carros de luxo — um Creta e um Volvo —, além de aplicar mais de R$ 500 mil em ações. As compras chamaram atenção devido ao descompasso com sua renda mensal, estimada em cerca de R$ 7 mil. A Polícia Civil apreendeu veículos, documentos e equipamentos eletrônicos usados na operação do esquema. Arrependimento e desabafo: “Meu erro não é perdoável” Em depoimento, Welliton demonstrou arrependimento e fez declarações emocionadas sobre sua trajetória na empresa — o primeiro emprego registrado de sua vida. Ele afirmou saber da gravidade do que cometeu e disse que deve “cumprir sua sentença”, destacando a mágoa que pode ter deixado em seus gestores, por quem afirmou ter respeito e gratidão. “Imagino que o meu erro não é perdoável”, declarou e, ainda, acrescentou: “Agradeço pela oportunidade que nunca mais terei”. “Imagino que o meu erro não é perdoável”, declarou e, ainda, acrescentou: “Agradeço pela oportunidade que nunca mais terei”. A descoberta do rombo do golpe na Bom Futuro O esquema veio à tona após uma auditoria interna identificar inconsistências em notas e pagamentos. O caso ganhou contornos mais graves quando Welliton foi surpreendido tentando emitir uma nova nota de R$ 200 mil, que também seria parcialmente desviada. A partir disso, a empresa acionou a Delegacia Especializada de Estelionato, que iniciou a investigação e realizou as prisões. A própria Bom Futuro comunicou as irregularidades às autoridades e tem colaborado integralmente com a investigação. Posição oficial da Bom Futuro Em nota, o Grupo Bom Futuro afirmou que atua com base em valores de integridade, transparência e respeito, e que acompanha de perto o trabalho das autoridades. Considerada uma potência do agronegócio brasileiro, a empresa conta com mais de 8 mil colaboradores, 35 unidades administrativas e operações que integram agricultura, pecuária, energia renovável e logística. Justiça mantém prisões preventivas Após audiências de custódia, a Justiça converteu o flagrante em prisão preventiva tanto para o funcionário quanto para o empresário. Os magistrados consideraram a necessidade de garantir a continuidade das investigações, preservar documentos e evitar interferências no processo. Os dois seguem presos enquanto a Polícia Civil aprofunda a apuração para determinar se há outras pessoas envolvidas e para calcular com precisão o tamanho do rombo, já que as apurações apontam para desvios entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões. Um alerta para o agro O caso do golpe na Bom Futuro expõe como fraudes internas podem ocorrer mesmo em empresas altamente estruturadas, reforçando a importância de auditorias frequentes, sistemas de rastreabilidade, checagens de pagamento e políticas rígidas de compliance. Para um setor que movimenta bilhões e depende de logística eficiente, o episódio serve como alerta e aprendizado para todo o agronegócio.
    Por: Redação

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