• Terça-feira, 21 de outubro de 2025

EUA pretendem recorrer à carne argentina para frear inflação da comida

Escassez interna, praga no México e acordo financeiro com Milei reforçam cenário para que Washington libere compras de carne da Argentina.

Escassez interna, praga no México e acordo financeiro com Milei reforçam cenário para que Washington libere compras de carne da Argentina. Os Estados Unidos podem recorrer ao mercado argentino de carne bovina como estratégia emergencial para reduzir o impacto da inflação no bolso do consumidor americano. A possibilidade foi admitida pelo presidente Donald Trump, durante conversa com repórteres no Air Force One. Segundo ele, a medida é avaliada como parte de um esforço mais amplo para conter a escalada dos preços dos alimentos, especialmente da carne, item sensível na composição da cesta de consumo das famílias norte-americanas. O movimento ocorre em meio a um cenário interno complicado. A seca severa no Texas, estado que concentra boa parte da produção pecuária norte-americana, vem pressionando custos e reduzindo oferta. Ao mesmo tempo, as importações de carne mexicana foram reduzidas por causa de uma praga carnívora que atingiu rebanhos no México, diminuindo o fluxo do principal fornecedor externo do mercado dos EUA. O resultado é um preço persistentemente alto da carne bovina nos supermercados americanos, fator que incomoda eleitores e pressiona o governo.
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    Trump, que já havia sinalizado na semana anterior que trabalharia a questão como parte do controle inflacionário, agora coloca a Argentina no radar de abastecimento. Além de aliviar preços, a importação poderia funcionar como gesto político em direção ao aliado sul-americano, o presidente Javier Milei.window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});A possível compra de carne se soma a uma agenda de cooperação econômica entre Washington e Buenos Aires. Em setembro, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou negociação de uma linha de financiamento temporária de US$ 20 bilhões com o Banco Central da Argentina, além da disposição americana de comprar dívida primária ou secundária do governo Milei. A ajuda, no entanto, está condicionada ao resultado das eleições legislativas na Argentina. Trump deixou claro que o plano é estratégico e passa pelo fortalecimento do governo de Milei. “Se ele não ganhar, não vamos perder nosso tempo”, afirmou o presidente americano após receber Milei na Casa Branca no último dia 14. O pacote de apoio, que inclui swap de crédito, aportes de fundos soberanos e recursos privados, tem como objetivo fortalecer o peso argentino, estabilizar a economia do país e garantir tração política ao aliado antes do pleito de meio de mandato. A discussão sobre importação de carne argentina vai além da prateleira do supermercado. Ela reflete um movimento coordenado de política econômica, diplomacia e campanha eleitoral, unindo três frentes:
  • Pressão doméstica: reduzir preços e segurar inflação nos EUA;
  • Influência externa: reforçar um aliado ideológico estratégico na América do Sul;
  • Estabilidade regional: evitar colapso econômico na Argentina, que poderia ter reflexos geopolíticos e migratórios.
  • Enquanto os preços seguem elevados e o cenário climático e sanitário mantém o mercado tenso, a Argentina desponta como alternativa imediata para aliviar o consumidor americano, e, ao mesmo tempo, fortalecer Milei num tabuleiro que é tanto econômico quanto eleitoral.
    Por: Redação

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