Em semana de Copom e Fed, dólar abre em queda. China e Trump no radar
Na última sexta-feira (14/3), o dólar despencou 1% e encerrou a sessão cotado a R$ 5,74. Ibovespa, principal índice da Bolsa, disparou
O começou a semana operando em baixa, na manhã desta segunda-feira (17/3), em meio à expectativa dos investidores em relação à chamada “superquarta”, com decisões de política monetária no Brasil e nos .
“Superquarta” é o termo usado no mercado financeiro para o dia em que coincidem as divulgações das taxas básicas de juros no Brasil e nos EUA.
É o caso de quarta-feira (19/3), data na qual tanto o Comitê de Política Monetária () do Banco Central (BC) quanto o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do (Fed, o BC americano) anunciam o resultado de suas reuniões, ambas iniciadas na véspera.
O que aconteceu
Às 9h07, o dólar caía 0,33% e era negociado a R$ 5,725.
Na última sexta-feira (14/3), .
Com o resultado, o dólar acumula perdas de 2,92% no mês e 7,06% no ano.
“Superquarta”
As atenções dos investidores estão voltadas nesta semana para as decisões do Copom e do Fed a respeito das taxas básicas de juros no Brasil e nos EUA.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central (BC) para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
Ao reduzir a Selic, por outro lado, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Não é o que se deve esperar neste momento.
Na última reunião do Copom – a primeira sob o comando de Gabriel Galípolo na presidência do BC –, no fim de janeiro, .
Na ata da reunião, o colegiado indicou que, caso o cenário de avanço dos preços perdurasse, seria necessário fazer ajuste de pelo menos 1 ponto percentual. Dessa forma, — mesmo patamar de julho de 2015, época da crise no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
, considerado o termômetro da inflação, a alta da Selic é dada como certa pelo mercado financeiro, que aposta no aumento de 1 ponto percentual no índice.
Caso se confirme, este será o quinto avanço consecutivo da Selic. A adoção de política monetária mais contracionista (ou seja, o aumento dos juros) começou em setembro de 2024, quando o Copom interrompeu o ciclo de cortes e elevou a taxa em 0,25 ponto percentual.
No entanto, o BC não sinalizou um fim do ciclo de altas. Segundo o Copom, a magnitude do ciclo de aperto monetário será ditada pelo compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação.
Nos Estados Unidos, a tendência é que o Fed não mude a taxa de juros da economia norte-americana na reunião desta semana.
No fim de janeiro, na primeira reunião do Fomc desde a posse do presidente dos EUA, Donald Trump, .
A decisão interrompeu um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano passado – o primeiro corte em cinco anos.
Desde então, o BC norte-americano sempre deixou claro que era necessário manter a cautela e analisar cuidadosamente os indicadores econômicos para tomar suas decisões de política monetária.
De acordo com dados divulgados na semana passada, a inflação anual nos EUA ficou em 2,8% em fevereiro (em relação a fevereiro do ano passado), um recuo de 0,2 ponto percentual em relação a janeiro (quando foi de 3%).
Na base de comparação mensal, em relação ao mês anterior, a inflação norte-americana foi de 0,2%, ante 0,5% em janeiro.
Tarifas de Trump
Além dos dados da política monetária, o mercado segue acompanhando os desdobramentos da política tarifária imposta pelo governo Trump nos EUA.
O presidente norte-americano reafirmou, no fim de semana, . “Não pretendo fazer isso”, disse Trump a repórteres a bordo do avião presidencial Air Force One, ao ser questionado sobre eventuais “exceções” às tarifas anunciadas nas últimas semanas.
Para reequilibrar a balança comercial dos EUA, Trump aumentou as tarifas alfandegárias de diversos produtos em diferentes países, incluindo o Brasil. Essa série de decisões desestabilizou os mercados financeiros e gerou temores de recessão na maior economia do mundo.
As tarifas de 25% sobre aço e alumínio entraram em vigor na última quarta-feira (12/3). A tentativa do governo Trump é proteger a indústria siderúrgica dos EUA, que enfrenta uma concorrência cada vez maior.
O líder republicano também pretende impor as chamadas taxas alfandegárias “recíprocas” a todos os parceiros comerciais de seu país, a partir de 2 de abril.
No domingo (16/3), o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), o espanhol Luis de Guindos, .
“Precisamos considerar a incerteza do ambiente atual, que é ainda maior do que durante a pandemia. O que estamos vendo é que a nova administração dos EUA não está muito aberta a continuar com o multilateralismo, que é sobre cooperação entre jurisdições e encontrar soluções comuns para problemas comuns”, disse Guindos. “Esta é uma mudança muito importante e uma grande fonte de incerteza no mundo.”
China
Outro foco de atenção dos mercados nesta segunda-feira é a China,.
Entre as principais medidas, estão uma política de subsídios para cuidados infantis, ampliar a assistência financeira para estudantes, plano para o aumento de renda dos agricultores e redução das taxas de juros dos financiamentos habitacionais subsidiados.
De acordo com o regime chinês, o pacote valerá para todas as regiões e estados do país e tem o objetivo de “impulsionar vigorosamente o consumo, expandir a demanda interna em todas as direções e melhorar a capacidade de consumo, aumentando a renda e reduzindo encargos”.
As autoridades locais devem, segundo Pequim, “estudar e estabelecer um sistema de subsídio para cuidados infantis”, além de implementar empregos flexíveis e abertura de clínicas ambulatoriais pediátricas à noite.
Também foram anunciadas medidas que visam a impulsionar o turismo no país.
Na última sexta-feira (14/3), já em meio às especulações em torno do anúncio das medidas, as principais ações do mercado financeiro da China fecharam na maior alta em 2 meses.
As medidas de incentivo ao consumo para aquecer a economia vêm sendo uma tônica do regime chinês nos últimos anos, em meio à perda de força do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), se comparado ao patamar de décadas atrás.
Bolsa de Valores
As negociações do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (), começam às 10 horas.
No pregão de sexta-feira, em um dia de euforia no mercado, o Ibovespa disparou 2,64%, quase batendo os 129 mil pontos (128,9 mil).
Com o resultado, o indicador encerrou a semana acumulando ganhos de 3,14%.
No acumulado de março, a Bolsa brasileira tem alta de 5% e, no ano, de 7,2%.
Por: Metrópoles