• Quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Em reunião de 5h, Lula cobra narrativa e libera saída de ministros

Petista chamou 2026 de "ano da verdade" e sinalizou redução de jornada e transição energética como pautas que devem ser visadas. Leia mais no Poder360.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou nesta 4ª feira (17.dez.2025) sua última reunião ministerial de 2025, na residência oficial da Granja do Torto, em Brasília. O encontro durou cerca de 5 horas, com 3 horas e 15 minutos de transmissão ao vivo, e reuniu os 38 ministros do governo, além de presidentes de bancos públicos e líderes governistas no Congresso.

A reunião estava marcada para as 9h, mas começou apenas por volta das 10h. Lula pediu que os ministros dominem os dados de todas as áreas do governo, não apenas de suas pastas, para defenderem amplamente as entregas da administração em 2026.

Ele sinalizou que o fim da escala 6 X 1 e a transição energética serão prioridades e criticou a comunicação do governo.

A reunião contou com apresentações do vice-presidente Geraldo Alckmin sobre políticas industriais e do ministro da Casa Civil, Rui Costa, com um balanço dos 3 anos de governo. Também discursaram os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Sidônio Palmeira (Comunicação Social). O governo transmitiu ao vivo parte da reunião. A fala dos 2 últimos não foi transmitida.

A ordem das falas durante a reunião foi:

Assista à transmissão da reunião ministerial (1h41s):

Durante a reunião, cada ministro recebeu uma revista com os dados apresentados e um QR code que leva ao site “Brasil dando a volta por cima“.

Veja imagens dos ministros de Lula:

Um dos temas da reunião foi o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Lula advertiu que seu governo não apoiará mais o acordo caso os europeus voltem a atrasar a assinatura, prevista para sábado (20.dez) em Foz do Iguaçu.

O presidente reclamou que a reunião do Mercosul foi adiada de 2 para 20 de dezembro a pedido da União Europeia, mas agora França e Itália criam dificuldades por problemas políticos internos. “Eu já avisei a eles: se a gente não fizer agora, o Brasil não fará mais acordo enquanto eu for presidente. Faz 26 anos que a gente espera esse acordo“, declarou.

Lula afirmou que o Brasil e o Mercosul já cederam em tudo que era possível nas negociações e que o tratado é mais favorável aos europeus. O presidente destacou que o objetivo do acordo vai além do comércio e envolve defender o multilateralismo num momento em que os Estados Unidos tentam fragilizá-lo.

Lula chamou 2026 de “ano da verdade“, a contrapartida para 2025, o “ano da colheita“. Pediu que o governo mostre à população quem é quem no país e o que cada gestão fez. O presidente cobrou dos ministros que dominem os dados de todas as áreas do governo, não apenas de suas pastas, para defenderem amplamente as entregas da administração.

O petista afirmou que os partidos políticos e ministros terão de definir de que lado estão nas eleições, destacando que isso será “inexorável“. A mensagem foi direcionada especialmente aos partidos do Centrão que ainda não definiram apoio a Lula.

O presidente também sinalizou temas que gostaria de trabalhar no ano que vem. Lula questionou se vale a pena ser candidato novamente apenas para repetir o que já faz e afirmou que o Brasil precisa dar um “salto de qualidade” e construir um projeto transformador.

Nesse contexto, citou a redução da jornada de trabalho como exemplo de pauta estruturante. Ele argumentou que a robotização aumentou a produtividade das empresas, mas não beneficiou os trabalhadores.

Ao fazer um balanço dos eventos internacionais do governo, Lula comemorou o sucesso da COP30 realizada em Belém e demonstrou comprometimento com a pauta da transição energética. Ele citou o “mapa do caminho” como ferramenta para discutir o fim da utilização de combustível fóssil. E afirmou que os países petroleiros podem ajudar a produzir energia renovável em nações que não têm petróleo, especialmente no continente africano.

Sobre as eleições de 2026, Lula liberou a saída de ministros que desejem disputar cargos eletivos e pediu que ganhem: “Por favor, ganhem o cargo que vão disputar, não percam“.

O presidente ironizou a situação: “Quando você tira um ministro, ele chora. Mas quando ele quer sair, encontra todos os argumentos necessários e joga a responsabilidade no povo“.

Até 22 ministros devem deixar o governo no início de 2026 para disputar as eleições. O prazo de desincompatibilização termina em abril, 6 meses antes do primeiro turno.

No final da reunião, foi anunciado que Celso Sabino deixará o Ministério do Turismo. O presidente atendeu a uma demanda da ala governista do União Brasil e aprovou o nome do paraibano Gustavo Feliciano, apoiado por Hugo Motta (Republicanos-PB).

A decisão busca restabelecer uma relação mais harmoniosa com o presidente da Câmara. Inclusive, Lula agradeceu nominalmente o paraibano e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

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Por: Poder360

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