Dólar desaba e Bolsa sobe. Real e Ibovespa têm melhor ano desde 2016
Moeda americana recuou 1,47%, cotada a R$ 5,48, frente à divisa brasileira. Às 17h04, o principal índice da Bolsa brasileira subia 0,68%
No Brasil, os mercados de câmbio e de ações voltaram ao modo “bom humor” na última sessão de 2025, nesta terça-feira (30/12). O à vista registrou forte queda de 1,47%, cotado a R$ 5,48. Já o , o principal índice da Bolsa brasileira (), operava em alta de 0,68%, aos 161.563,83 pontos, às 17h04.
Com o resultado do câmbio, o real obteve, em 2025, o melhor desempenho diante do dólar desde 2016, segundo dados da consultoria Elos Ayta. Considerado o “dólar Ptax”, calculado pelo Banco Central (), que fechou a R$ 5,50 nesta terça-feira, a moeda americana caiu 11,14% em 2025 em relação à divisa brasileira. Em 2016, esse recuo foi de 16,54%.
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Além do câmbio, o mercado de capitais também obteve o melhor resultado dos últimos nove anos. Ainda de acordo com a mesma consultoria, e considerando o último fechamento da B3, o Ibovespa registrou uma valorização de 33,43% em 2025. Nos últimos anos, o número só foi superado pelo avanço de 38,94%, em 2016.
Último pregão
No pregão desta terça-feira, o real também mostrou força na comparação com outras moedas. Em vez de cair, o dólar valorizou-se, por exemplo, em relação a uma cesta de seis divisas fortes (euro, iene, libra esterlina, dólar canadense, coroa sueca e franco suíço).
Em outros países emergentes, o câmbio também teve um desempenho pior do que o real nesta terça-feira. Às 16h30, a moeda americana avançava 0,14% sobre o peso mexicano e 0,69% em relação ao peso colombiano.
Mercado de trabalho
Os investidores acompanharam nesta terça-feira a divulgação de dados importantes e, à primeira vista, contraditórios, sobre o mercado de trabalho no Brasil. A taxa de , por exemplo, ficou em 5,2% no trimestre encerrado em novembro, o patamar mais baixo da série histórica iniciada em 2012.
No trimestre anterior, encerrado em agosto, ela estava em 5,6%. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ().
Efeito nos juros
Na prática, a nova queda do desemprego – as baixas têm sido sucessivas – indica que o Banco Central não deve iniciar tão cedo o ciclo de cortes da taxa básica de juros do Brasil, a Selic. Mesmo porque a força do mercado de trabalho tem sido um dos fatores indicados pelo BC para sustentar os juros no patamar de 15% ao ano, o maior desde 2006.
Embora os juros altos sufoquem a atividade econômica, eles tornam atrativa a estratégia conhecida no mercado como carry trade. Nesse caso, os investidores tomam empréstimos em uma moeda com juros baixos (em países desenvolvidos, por exemplo) e investem os mesmos recursos em uma moeda com juros altos (no caso, o Brasil). Com isso, ganham no diferencial das taxas.
À tarde, dados divulgados pelo mostraram um arrefecimento do mercado. Eles indicaram que o Brasil abriu cerca de 85,9 mil vagas formais de emprego em novembro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O número é resultado da diferença entre 1,98 milhões de contratações e 1,89 milhões de demissões.
Mercado formal
As vagas criadas em novembro representam uma queda de 19% na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando foram criados cerca de 106,1 mil postos de trabalho com carteira assinada. Ele também foi o pior para o mês de toda a série do Novo Caged, iniciada em em 2020.
Nos últimos meses, o mercado formal de trabalho vem dando sinais claros de desaquecimento. Segundo o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, os resultados sucessivos refletem o impacto da taxa básica de juros elevada, atualmente em 15% ao ano.
“Guerra da Ptax”
Na avaliação de analistas, o câmbio também foi influenciado nesta terça-feira pela “guerra da Ptax”, que ocorre no último dia de todo mês. A Ptax é uma média do preço do dólar em relação ao real, como já mencionado, calculada pelo Banco Central. Ela serve de referência para contratos de câmbio.
No fim do mês, empresas tentam influenciar o preço da moeda americana para que a média lhes seja favorável. Com isso, elas vendem ou compram grandes quantidades de dólar para puxar o câmbio para cima ou para baixo, afetando a média final. A Ptax fechou com queda de 1,28%, a R$ 5,50.
Ata do Fed
Os investidores também acompanharam a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), realizada em 10 de dezembro. Na ocasião, o Fomc reduziu pela terceira vez seguida os juros do país em 0,25 ponto porcentual.
O documento mostrou que os integrantes do Fomc estavam divididos em torno da decisão. A veiculação do texto, contudo, não afetou o desempenho dos mercados de câmbio e de capitais no Brasil.
Por: Metrópoles





