• Domingo, 7 de dezembro de 2025

Direita se divide sobre prós e contras da pré-candidatura de Flávio

Primogênito de Bolsonaro é visto como o mais habilidoso politicamente do clã, mas rejeição e escândalos circundam senador.

O lançamento do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ao Planalto mobilizou o campo da direita brasileira na 6ª feira (5.dez.2025), com declarações em público e avaliações em privado. Alas fiéis ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) destacaram que o primogênito é o político mais habilidoso do clã. Já outros setores alertam para o teto de votos que a rejeição ao nome da família impõe. 

Flávio se colocou como pré-candidato à Presidência da República dizendo ter apoio direto do pai. Bolsonaro está inelegível desde 30 de junho de 2023 e preso na Superintendência da Polícia Federal de Brasília desde 22 de novembro de 2025. Ele cumpre a pena de 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado depois da derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022.

A chance de reedição de um embate do petista com um Bolsonaro em 2026 –desta vez com o filho mais velho do ex-presidente na urna– desagradou ao mercado. Na 6ª feira (5.dez), o dólar subiu 2,31% e a bolsa de valores caiu 4,31%. A avaliação é que Flávio limita movimentos ao centro, algo que seria mais viável no caso de candidaturas ao Planalto de nomes como Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, e Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná.

Em entrevista ao Poder360, publicada horas antes do anúncio de Flávio na 6ª feira (5.dez), Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, deu declarações nessa mesma linha, com elogios à capacidade de composição de Tarcísio e Ratinho Jr.

Depois das inúmeras reações públicas ao lançamento da pré-candidatura de Flávio, este jornal digital conversou reservadamente com políticos fiéis ao bolsonarismo e com setores menos colados ao ex-presidente. Eis os prós e contras citados por diferentes alas da direita brasileira: 

Entre aliados mais próximos, a avaliação é que Flávio tem capacidade de diálogo para atrair a centro-direta, por ter uma habilidade política que os outros membros da família não têm. Outro ponto destacado, também ausente na personalidade dos irmãos políticos e do pai, é a “frieza”. Para esses aliados, isso permitiria ao senador fazer uma campanha mais calculada a fim de manter o apoio dos eleitores do ex-presidente. 

Políticos experientes reforçam que o piso de votos do bolsonarismo já é capaz de levar Flávio a um 2º turno contra Lula. A leitura, externada publicamente por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, é que qualquer candidato apoiado por Bolsonaro está automaticamente colocado na etapa final da disputa.

Flávio ainda teria uma vantagem sobre nomes como Tarcísio e Ratinho Jr.: não precisaria fazer esforço nenhum para colar sua imagem à do pai. Isso se daria naturalmente, inclusive com o nome na urna. 

Outro ponto recorrente nas falas reservadas de aliados fiéis de Bolsonaro é a chance de Flávio conduzir o debate da segurança pública, por ser do Rio de Janeiro e por ser aliado do governador Cláudio Castro (PL). A megaoperação no Rio de 28 de outubro, que deixou 122 mortos, trouxe o tema de volta ao centro do debate político.  

É consenso no meio político que a segurança pública será um dos temas centrais da campanha de 2026. E o tema impõe dificuldades ao PT e a Lula. 

Setores da direita menos colados ao bolsonarismo dizem não ignorar o piso de votos de Flávio, mas destacam que ao mesmo tempo ele tem um teto, por causa da rejeição ao nome da família. Esse teto e a repetição do clima de polarização de 2022 beneficia Lula, afirmam. 

O presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, disse nas redes sociais que o Brasil precisa fugir da polarização em 2026. “Nosso caminho não é o do confronto estéril, mas o da construção”. 

Também há preocupação de que uma eventual candidatura de Flávio empobreça o debate econômico, ao deslocar o foco para temas morais e identitários e deixar questões fiscais e de crescimento em 2º plano. 

Integrantes desse grupo afirmam ainda que o primogênito de Bolsonaro teria menos capacidade de atrair votos de centro do que Tarcísio ou Ratinho Jr.

Os escândalos do passado, como as menções às rachadinhas e à relação com o ex-assessor Fabrício Queiroz, ainda circundam o senador.

Outro episódio vem aparecendo de forma recorrente nas críticas à pré-candidatura do primogênito é o fato de ele ter passado mal em um debate pela prefeitura do Rio em 2016. Na ocasião, Flávio cambaleou ao vivo na TV e precisou ser acudido por oponentes, como a deputada Jandira Feghali (PCdoB), que é médica.

Por: Poder360

Artigos Relacionados: