Os congressistas democratas dos Estados Unidos enviaram uma carta ao secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, solicitando que o governo do presidente Donald Trump (Partido Republicano) exija que a China contenha sua “superprodução estrutural“.
O documento, obtido pela Reuters, foi enviado na 6ª feira (12.set.2025), enquanto Bessent se preparava para negociações com autoridades chinesas na Espanha.
Membros democratas de um comitê da Câmara dos Representantes sobre a China defenderam que qualquer acordo comercial bilateral deve incluir “requisitos vinculantes” para que Pequim reduza a sobrecapacidade industrial.
A China fabrica uma quantidade de bens manufaturados superior ao que consegue consumir internamente, o que resulta em grandes volumes de exportações e guerras de preços no mercado doméstico.
Autoridades chinesas têm negado as alegações dos EUA sobre o excesso de produção, embora Pequim tenha iniciado uma campanha contra a deflação em determinados setores.
Bessent e o representante comercial Jamieson Greer, citados na carta junto com o secretário de Comércio Howard Lutnick, começaram conversas em Madri no domingo (14.set) com uma equipe chinesa liderada pelo vice-primeiro-ministro He Lifeng.
Os departamentos do Tesouro e do Comércio não responderam aos questionamentos da Reuters sobre o documento.
Lin Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, declarou: “Afirmamos repetidamente que o exagero sobre a chamada sobrecapacidade na China, que se desvia de fatos objetivos e leis econômicas, serve de pretexto para o protecionismo. Seu verdadeiro propósito é conter o desenvolvimento de alta qualidade da China. Nós nos opomos firmemente a isso“.
A carta dos integrantes do Comitê Seletivo da Câmara sobre a China repete argumentos apresentados pelo governo anterior de Joe Biden (Partido Democrata), principalmente pela ex-secretária do Tesouro Janet Yellen.
“O uso histórico e destrutivo da superprodução estrutural pela RPC [República Popular da China] para impulsionar o crescimento econômico tem um custo indiscutível para a indústria dos EUA, o emprego e a estabilidade dos mercados internacionais“, diz a carta.
As duas maiores economias do mundo têm enfrentado dificuldades para transformar a suspensão nas tarifas–estendida por 90 dias em agosto– em um acordo comercial duradouro que solucione questões como o fentanil, o déficit comercial dos EUA e a propriedade do TikTok.
Segundo a carta, o excesso de capacidade deve ser abordado nas negociações. O texto cita as indústrias chinesas de aço e painéis solares como exemplos nos quais uma expansão significativa da oferta foi seguida por ondas de exportações que prejudicaram empregos e indústrias nos EUA e em outros países.
Os democratas afirmam que o governo deve aproveitar o descontentamento que essas exportações causam, para trabalhar com aliados e parceiros a fim de elaborar uma resposta internacional à sobrecapacidade da China.
A carta acrescenta que tal esforço conjunto requer uma abordagem “mais equilibrada” em relação às tarifas.