Cúpula do G20 expõe fraturas geopolíticas sem Trump, Putin, Xi e Milei
Presidência sul-africana buscará, no G20, obter compromissos para aliviar a dívida dos países em desenvolvimento e combater as desigualdades
O governo americano desmentiu categoricamente, na quinta-feira (20/11), sua participação na cúpula do G20 na , aumentando a tensão entre os dois países. O desmentido ocorreu após o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, afirmar que Washington havia mudado de posição em relação ao boicote ao encontro. A Casa Branca detalhou que o embaixador dos estará presente apenas para assistir à cerimônia de transição, já que a próxima cúpula será realizada na Flórida, mas não participará das negociações oficiais.
África do Sul e Estados Unidos se envolveram em várias disputas desde o retorno de Donald Trump à presidência este ano. Na semana passada, ao anunciar que não enviaria nenhum representante ao encontro em “protesto” contra o que chamou de “racismo” contra brancos no país, Trump pediu que a África do Sul não emitisse a tradicional declaração conjunta ao final da reunião.
A cúpula do , em Joanesburgo, “será um encontro incerto”, avalia o jornal francês Les Échos. O diário econômico afirma que a reunião é histórica por acontecer pela primeira vez na África, mas será marcada por ausências de peso. Além do presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, Xi Jinping, da China, Vladimir Putin, da Rússia, e Javier Milei, da Argentina, também não irão participar. “A cúpula que reflete as fraturas geopolíticas, mas será também uma oportunidade para a África do Sul consolidar sua liderança regional e colocar os interesses do continente no centro das discussões”, diz o jornal.
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Trump decidiu boicotar o encontro, e os EUA não terão representação oficial, o que gera tensão com Pretória sobre a publicação de um comunicado final. Xi Jinping será representado pelo premiê Li Qiang, enquanto Putin evita o encontro, temendo uma possível detenção devido ao mandado de prisão emitido pela Corte Penal Internacional, da qual a África do Sul é integrante.
Priorizar pautas africanas
Apesar disso, o presidente Cyril Ramaphosa quer fazer desta cúpula do G20 um sucesso, indica o jornal Les Échos. A ausência americana abre espaço para outras potências, como União Europeia e China, reforçarem sua influência. Já a África do Sul aproveita para priorizar pautas africanas: redução de riscos de desastres, transição energética, minerais críticos e, sobretudo, a crise da dívida dos países em desenvolvimento, que já soma US$ 31 trilhões e limita investimentos. Um relatório sugere usar reservas de ouro do FMI para aliviar essa pressão.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, estará presente, assim como o francês Emmanuel Macron. Lula desembarcou nesta sexta-feira em Joanesburgo e já manifestou apoio à África do Sul. O presidente da França pretende, no encontro, reforçar o multilateralismo, antecipa o jornal econômico.
A programação da cúpula do G20 prevê debates sobre minerais críticos, desenvolvimento econômico, comércio internacional, mudanças climáticas, transição energética e redução de riscos de desastres ambientais. A União Europeia quer aproveitar esse G20 para discutir, à margem da cúpula, o plano americano de paz para a Ucrânia, que prevê concessões de território ucraniano à Rússia e provoca indignação na Europa.
A reunião em Joanesburgo encerra a sequência de presidências do G20 por países do Sul Global, após Indonésia, Índia e Brasil, que trouxeram temas como desenvolvimento sustentável e desigualdade para a agenda global. Logo após o G20, ocorrerá em Luanda uma cúpula União Europeia–União Africana, que também terá a participação de Emmanuel Macron.
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Por: Metrópoles





