Com produção em queda, indústria espera forte desaceleração em 2025
Para Fiesp, "elevado patamar das taxas de juros internacionais e domésticos e a depreciação cambial" são as principais causas do recuo
Os dados da divulgados nesta quarta-feira (5/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística () confirmaram um movimento de desaceleração no setor, que recuou pelo terceiro mês consecutivo em dezembro de 2024.
O que aconteceu
, depois de baixas em outubro (-0,2%) e novembro (-0,6%).
Apesar de ter fechado 2024 com um crescimento de 1,6% em relação ao ano anterior, e acumulando alta de 3,1% no período, a indústria deve sofrer forte desaceleração em 2025, de acordo com analistas que acompanham o setor.
Aperto monetário
Segundo nota da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (), a expectativa é por uma “desaceleração” em 2025, “refletindo a intensificação do aperto monetário, o que tende a contribuir para a piora das condições de acesso ao crédito, sobretudo em ambiente marcado por condições financeiras cada vez mais restritivas”.
“O elevado patamar das taxas de juros internacionais e domésticos e a depreciação cambial são os principais elementos por trás dessa piora recente das condições financeiras”, diz a Fiesp.
“Este aperto das condições financeiras poderá ter efeitos sobre o custo dos novos financiamentos e, consequentemente, sobre a dinâmica de atividade industrial. Este quadro é especialmente desafiador para a indústria de transformação, que é mais afetada pela piora das condições financeiras vis a vis a economia como um todo”, completa a federação industrial.
A projeção da Fiesp é que a produção industrial termine 2025 registrando uma alta de 1,3%.
Para o economista Maykon Douglas, a indústria “parece sentir primeiro os efeitos da guinada da política monetária e mostra os sinais incipientes de desaceleração da economia doméstica”.
“O resultado de dezembro foi bem ruim em termos de difusão, que está abaixo da média histórica. Ou seja, menos segmentos crescendo”, afirma.
“A manutenção do aperto no mercado de trabalho é um alento, mas a escalada da taxa Selic deve seguir penalizando os segmentos mais sensíveis ao crédito”, conclui o economista.
Já André Macedo, pesquisador do IBGE, afirma que o cenário macroeconômico contribuiu para a redução do ritmo da atividade industrial no último trimestre do ano passado.
“O setor industrial mostrou predominância no campo positivo até o mês de junho. Posteriormente, houve uma redução de ritmo de produção. E fica muito clara essa perda de intensidade, na margem da série e para o mês de dezembro”, afirma.
Segundo Macedo, as taxas de juros em patamar elevado no país também afetam a produção.
“O aumento na taxa de juros traz importante impacto em termos de custos e em termos de preços. A alta da inflação, principalmente no setor de alimentos, traz impacto para as famílias, com diminuição de renda disponível”, diz Macedo.
Por: Metrópoles