Com alívio da inflação, diretor do Fed fala em corte de juros em julho
Na última quarta-feira (18/6), o Banco Central dos EUA anunciou a manutenção da taxa de juros no país no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano
O (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) pode dar início ao ciclo de corte da taxa de juros já a partir da próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), programada para os dias 29 e 30 de julho.
A afirmação é de um dos diretores do Fed, Chris Waller, em, entrevista concedida à CNBC nesta sexta-feira (20/6).
“Por que esperar até vermos, de fato, um colapso para começar a cortar os juros? Sou totalmente favorável a considerar que talvez devêssemos começar a pensar em cortar os juros já na próxima reunião. Não queremos esperar o mercado de trabalho desabar para agir”, afirmou Waller, ao ser questionado sobre os rumos da política monetária.
Segundo o diretor do Fed, os dados de inflação nos EUA “nos últimos meses têm mostrado que a tendência está parecendo muito boa”. “Poderíamos fazer isso [cortar juros] já em julho”, reiterou Waller.
O dirigente da autoridade monetária norte-americana também minimizou os potenciais efeitos das tarifas comerciais impostas pelo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a inflação. Até o momento, observou Waller, esse efeito não foi tão significativo.
“Qualquer inflação por causa das tarifas não acho que será tão grande assim e deveríamos apenas analisá-la em termos de definição da política monetária”, defendeu Waller.
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Fed manteve juros inalterados
Na última quarta-feira (18/6), na quarta reunião do Fomc desde a posse de Trump, as expectativas do mercado foram confirmadas e a taxa básica de juros se manteve mais uma vez inalterada.
. Foi a quarta reunião consecutiva na qual a autoridade monetária norte-americana manteve inalterada a taxa de juros.
Antes das quatro últimas reuniões, o Fed tinha levado a cabo um ciclo de três quedas consecutivas dos juros nos EUA, que começou em setembro do ano passado – o primeiro corte em cinco anos.
Desde então, o BC norte-americano sempre deixou claro que era necessário manter a cautela e analisar cuidadosamente os indicadores econômicos para tomar suas decisões de política monetária.
Junto à decisão, o Fed divulgou o chamado “dot plot”, um conjunto das projeções para a economia dos EUA. Na média, a autoridade monetária manteve a projeção de queda de 0,5 ponto percentual na taxa de juros em 2025, o que pode significar dois cortes de 0,25 ponto percentual ainda neste ano. Segundo analistas, o ciclo de queda deve começar no último trimestre.
Os integrantes do Fed também reduziram suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em 2025, de alta de 1,7% para 1,4%.
“Ao considerar a extensão e o momento de ajustes adicionais à meta para a taxa básica de juros, o comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio de riscos. O comitê continuará reduzindo suas posições em títulos do Tesouro, títulos de dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências. O comitê está fortemente comprometido em apoiar o emprego máximo e retornar a inflação à sua meta de 2%”, .
“Ao avaliar a postura adequada da política monetária, o comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O comitê estará preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir o alcance das metas do comitê”, prossegue o comunicado.
“As avaliações do comitê levarão em consideração uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais.”
No comunicado, o Fed disse ainda que, “embora as oscilações nas exportações líquidas tenham afetado os dados, indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir a um ritmo sólido”.
“A taxa de desemprego permanece baixa e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas. A inflação permanece relativamente elevada”, disse a autoridade monetária.
“O comitê busca atingir o máximo de emprego e inflação a uma taxa de 2% no longo prazo. A incerteza quanto às perspectivas econômicas diminuiu, mas permanece elevada. O comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato”, concluiu o Fed.
Inflação
A taxa básica de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação. Quando a autoridade monetária mantém os juros elevados, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
Segundo o Departamento do Trabalho, , na base anual, uma leve alta em relação aos 2,3% registrados em abril.
Na comparação mensal, o índice foi de 0,1%, ante 0,2% em abril.
A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.
Por: Metrópoles