O ano de 2025 marcou a entrada em vigor da regulamentação das casas de apostas no Brasil. Desde janeiro, além do cadastro no Ministério da Fazenda e do pagamento de licenças e impostos, as operadoras de bets passaram a investir na integridade, que passa por campanhas de conscientização para evitar manipulação de resultados por parte de atletas e jogadores de eSports.
Em março, a EstrelaBet deu início a palestras com integrantes de equipes que patrocina, como a Vivo Keyd Stars, organização de esportes eletrônicos, e o Criciúma, time de futebol catarinense. Em julho, foi a vez do Grupo Ana Gaming, dono das marcas Cassino, 7k e Vera, promover workshops com o elenco do Mirassol, time do interior paulista, em parceria com a empresa de tecnologia Sportradar.
“O trabalho das empresas de integridade e das próprias bets é fundamental no combate [à manipulação de resultados], pois as suspeitas são observadas quase que simultaneamente às apostas”, afirmou Bernardo Cavalcanti Freire, consultor jurídico da ANJL (Associação Nacional de Jogos e Loterias) e sócio da Betlaw.
As operadoras dispõem de sistemas de alerta que buscam detectar se determinada aposta tem variação anormal –como um excesso de apostas em um cartão amarelo dado a um jogador específico, por exemplo. Esse monitoramento se dá pelo fato de que a manipulação de resultados é prejudicial para as próprias bets, que têm de pagar os prêmios.
O caso do jogador Lucas Paquetá, jogador do clube inglês West Ham que foi acusado de manipulação e posteriormente absolvido, chamou a atenção para o tema. “O apoio do West Ham ao atleta evidenciou a importância de um processo justo diante de acusações que podem impactar carreiras, o entretenimento e a credibilidade de diversos setores”, disse Fellipe Fraga, CBO da EstrelaBet.
Para Nickolas Ribeiro, sócio e fundador do Grupo Ana Gaming, o avanço da regulamentação no Brasil exige comprometimento contínuo. “Integridade é um componente central para a credibilidade do setor de apostas e do esporte como um todo. Investir em capacitação é uma medida objetiva para mitigar riscos e reforçar a responsabilidade compartilhada.”
Daniel Fortune, especialista digital em jogo responsável, disse o seguinte sobre o episódio envolvendo Paquetá: “Mesmo com a absolvição, o caso reforça o alerta: apostar deve ser uma forma de entretenimento, e não um atalho para enriquecer”.
A publicidade também está no centro das discussões sobre responsabilidade. “É fundamental que o setor esteja regulado dentro de normas concretas no que diz respeito à publicidade. Isso tende a estabelecer diretrizes sérias e transparentes”, disse Hans Schleier, diretor de marketing da Casa de Apostas.
“Precisamos consolidar uma cultura de jogo responsável, com equilíbrio entre entretenimento, regulação e integridade”, disse Fábio Finelli, diretor de relações institucionais da Esportes da Sorte.
Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo, afirmou: “Os temas responsabilidade e ética devem ser pautas principais e, a partir daí, ter um desdobramento para as partes publicitária e da própria educação sobre o tema a todos brasileiros”.