O presidente executivo da consultoria Datagro, Plínio Nastari, afirmou nesta 3ª feira (22.jul.2025) que a decisão da Coca-Cola nos EUA de adoçar o refrigerante com açúcar de cana em vez de xarope de milho deve gerar um déficit de 500 mil toneladas do produto no mercado global.
“A mudança deve causar aumento na demanda por sacarose cristalizada de 1,5 milhão de toneladas por ano só no mercado norte-americano […] O aumento no consumo nos EUA causará um déficit de 500.000 toneladas de açúcar por ano”, afirmou em entrevista à CNN Money.
A mudança, influenciada pelo comportamento do mercado consumidor de refrigerantes nos EUA, é positiva para o Brasil, segundo Nastari. Ele afirma que a demanda será benéfica ao setor sucroalcooleiro que “já é o maior produtor e consumidor” da commodity e pode ser fornecedor do adoçante. Por isso, segundo ele, os preços não devem ser impactados de forma “significativa” em curto prazo.
“A medida não deve mudar a realidade de preços no Brasil a curto prazo. Dentro desse contexto de guerra tarifária, é uma notícia positiva. O comportamento dos consumidores começa a mudar uma realidade nos EUA e beneficiar o Brasil”, disse.
Segundo o analista, o produto nos EUA tem alto valor agregado. O país já compra refrigerantes mexicanos adoçados com açúcar de cana e esses, segundo Nastari, chegam a custar 3 vezes mais do que as bebidas adoçadas com xarope de milho.
Os EUA são os principais produtores de milho do mundo: cerca de 350 milhões de toneladas do grão. A alta produção faz com que o xarope de milho seja um adoçante mais barato.
Já o Brasil é o maior produtor mundial de cana-de açúcar, produzindo cerca de 400 milhões de toneladas por ano. Os Estados Unidos vem em 10º lugar no ranking, com produção de cerca de 25.000 toneladas.