Campos Neto aparece em Miami e fala em “disrupção” no sistema bancário
Ex-presidente do BC participou de evento de plataforma digital e escola de negócios americana. Para ele, custo dos "bancões" é muito alto
O ex-presidente do Banco Central reapareceu na cena econômica, nesta sexta-feira (21/3). Em palestra, na Universidade de Miami, nos Estados Unidos, ele afirmou que os “bancos tradicionais serão profundamente abalados pelas plataformas digitais”. “Esse é um processo que já está acontecendo e vai acelerar nos próximos dois anos”, frisou.
Campos Neto, substituído por Gabriel Galípolo na presidência do BC, no início deste ano, considera que tal “disrupção” será consequência da capacidade do segmento digital em oferecer serviços tecnológicos por um preço menor, na comparação com as instituições financeiras tradicionais. Algo que, para ele, se traduz num “custo mais baixo de atração e retenção de clientes”.
Na palestra, promovida pela XP e pela Miami Herbert Business School, o ex-presidente do BC acrescentou que os países periféricos podem liderar essa transformação. “Pela crescente digital, os emergentes são mais evoluídos”, afirmou. “Ainda se usa talões de cheque nos Estados Unidos.”
Campos Neto acrescentou que a atividade “transacional” dos bancões, nas quais incidem tarifas e taxas, por exemplo, vale cada vez menos. Isso como consequência da consolidação de sistemas de pagamentos instantâneos, como é o caso do Pix. “E o Pix pode ser por aproximação”, disse. “Eventualmente, terá funções de cartão de crédito.”
Plataforma única
Ele observou que os serviços bancários devem se consolidar em uma plataforma integrada, o que também vai determinar outra dinâmica na concorrência entre as instituições financeiras. “Você não terá no celular um aplicativo do banco A, B ou C”, afirmou. “Veremos esses mercados de finanças em um único aplicativo com todos os seus dados. Você vai ser capaz de obter mais produtos financeiros a um preço mais barato.”
O ex-presidente do também tratou dos criptoativos. Ele considera que as “stablecoins”, que são pareadas em algum ativo estável ou cesta de ativos para controlar a volatilidade dessas moedas, possam ser integradas no futuro a produtos financeiros dos bancos tradicionais.
Sem fronteiras
Para o economista, os bancos vão se tornar plataformas globais, capazes de realizar pagamentos transfronteiriços com facilidade e eficiência. Isso também contribuirá para a “disrupção” do modelo bancário tradicional.
Campos Neto recebeu autorização para dar palestras no primeiro semestre de 2025, contanto que não compartilhe informações obtidas no BC. Ele ainda deve cumprir quarentena até junho sem trabalhar para o setor privado.
Por: Metrópoles