A promoção de igualdade de oportunidades no âmbito escolar, por meio de políticas públicas voltadas ao movimento negro nas unidades educacionais do município, foi tema de uma discussão produtiva e aprofundada na Comissão de Educação (CE) da Câmara Municipal de Cuiabá. Entre as alternativas apresentadas na discussão, a implantação de livros didáticos e cartilhas informativas, sobre a história e origem desse povo.
O encontro ocorreu na tarde dessa quinta-feira (4) e teve a presença do presidente da CE, vereador Daniel Monteiro (Republicanos); o membro titular, vereador Mário Nadaf (PV); o secretário municipal de Educação, Amauri Monge, e as representantes do Movimento Negro, Viviane Goes (Mametu Synavanju), do Conselho Municipal Segmento Patrimônio e da Organização Religiosa Cultural de Afro-Brasileiro Nzo Nvanju, a professora Júlia Rodrigues, representante do Centro Nacional da Cidadania Negra (Ceneg) e a coordenadora da Pastoral da Criança, Euripia de Farias Silva.
O vereador Daniel Monteiro avaliou a discussão de extrema relevância na comissão e que o município já tem propostas positivas a serem implantadas nos ambientes escolares.
“Teremos a atualização da cartilha antirracista com a participação do movimento negro, do material “Africanidades” e a formação continuada será reavaliada, para que ela também passe a ter mais saberes na sua formação”, pontuou.
Para o secretário, Amauri Monge, a inserção de práticas antirracistas na rede municipal de ensino, dará passos concretos para fortalecer o tema nas unidades escolares.
“Queremos uma educação com equidade, com um tratamento respeitoso a todas as etnias, e cuidar da questão do antirracismo de forma objetiva. Vamos aprimorar a cartilha antirracista já produzida pelo Estado, melhorar os materiais pedagógicos e ampliar a formação continuada dos professores”, disse.
Amauri reafirmou que o conjunto dessas ações deve contribuir para minimizar os impactos do racismo estrutural ainda presente na sociedade.
Viviane Goes, que participou da discussão, ressaltou a relevância do espaço concedido pelo Legislativo para ampliar o diálogo e construir soluções. “Nós, povos de matriz africana, povos negros, estamos lutando por reparação, e não há como avançar sem falar verdadeiramente da nossa história, que foi calada. Precisamos de livros didáticos que contem nossa luta, nossa sobrevivência e expliquem por que nossos corpos foram comercializados e discriminados”, afirmou.
Para ela, a abertura dada pela Câmara representa reconhecimento e valorização da voz do movimento, além de ser um passo importante para a formulação de políticas concretas.
A professora Júlia Rodrigues destacou que discussões como essa são fundamentais para transformar a realidade escolar e social.
“É pela educação que transformamos a sociedade. Quando falamos de questões raciais, representatividade e afetividade, formamos crianças que se reconhecem, se amam e crescem para construir uma sociedade menos desigual, mais justa e respeitosa”, finalizou.
Segundo a educadora, uma educação que não aborda raça e pluralidade “não é educação de fato”, já que o debate sobre as singularidades da população negra é indispensável para uma formação verdadeiramente inclusiva.





