Brics: comunicado marca posição contra tarifas e ocupação de Gaza
Grupo se reuniu em Nova York nessa sexta-feira (26/9) à margem da conferência anual da ONU
Ministros de países membros do grupo divulgaram um comunicado nessa sexta-feira (26/9) no qual eles criticam medidas protecionistas e citam o aumento “indiscriminado” de tarifas e medidas não tarifárias. Apesar de abordar pontos de conflito de interesse do grupo com os Estados Unidos, o país não é citado nominalmente no documento.
O encontro dos ministros foi realizado em à margem da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (). O comunicado deixa explícita a preocupação dos ministros com a possibilidade de redução no comércio global.
“Os ministros expressaram preocupação com a proliferação de medidas restritivas ao comércio, seja na forma de aumento indiscriminado de tarifas e de medidas não-tarifárias, seja na forma de protecionismo, em particular medidas usadas como forma de coerção, que ameaçam reduzir ainda mais o comércio global, interromper as cadeias de suprimentos globais”, diz um dos pontos destacados pelos ministros.
Embora o comunicado não cite nominalmente os Estados Unidos, o governo do presidente Donald Trump tem aplicado uma política externa de imposição de tarifas aos parceiros comerciais. Dentre os países que receberam as maiores taxas estão mebros do Sul Global como Brasil, Índia e China. Este último, no entanto, conseguiu abrir negociação com os EUA. “Os Ministros alertaram contra tais práticas, que trazem o risco de fragmentar o comércio global e marginalizar o Sul Global”, diz trecho do documento.
Brics x Trump
O multilateralismo, bandeira do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é um dos destaques no texto. Os ministros defendem que haja a “um sistema internacional e multilateral mais justo, equitativo, ágil, eficaz, eficiente, responsivo, representativo, legítimo, democrático e responsável, no espírito de ampla consulta”. A defesa do multilateralismo contrata diretamente com a postura do discurso realizado por Trump no primeiro dia da conferência da ONU.
“Se a Rússia não conseguir fazer um acordo para financiar a guerra, os Estados Unidos estão preparados para impor isso. Nós temos uma rodada muito forte de tarifas que podem acabar com esse banho de sangue, acredito, rapidamente”, disse Trump ao tentar demonstrar que tem o controle de como acabar com o conflito entre russos e ucranianos.
Emergência climática
Outra defesa que contratas com as palavras do discurso de Trump na ONU é em relação à emergência climática. O grupo se propõe a realizar um apoio à Conferência das Partes (COP30), a ser realizada em Belém, em novembro, enquanto Trump nega o aquecimento do planeta e as conseqências do fenômeno relacionado à emissão de gases de efeito estufa (GEE), com importância para os combustíveis fósseis.
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Os ministros foram enfáticos ao demonstrar contrariedade com a ocupação do território palestino por Israel. “Os ministros condenaram, a este respeito, todas as tentativas de deslocar o povo palestino dos seus territórios ocupados, sob qualquer pretexto ou circunstância.”
Ao fim do documento, os ministros celebram o crescimento do número de membros do Brics e se comprometem a fortalecer a cooperação no grupo para que interesses comuns possam ser alcançados.
Por: Metrópoles