O Brasil foi o mercado doméstico que mais cresceu no mundo em agosto, com alta de 12,7% em relação ao ano anterior, segundo dados apresentados neste domingo (19.out.2025) durante a Assembleia Geral e Fórum de Líderes da Alta (Associação Latino-Americana e do Caribe de Transporte Aéreo), em Lima (Peru).
O resultado foi classificado pela entidade como uma “notícia muito positiva”, mas o setor alerta que novas regulações e impostos podem comprometer o avanço da aviação no país e na região.
“Quando estamos constantemente ameaçados por litígios, novas regulações sem coordenação com o setor ou, por exemplo, a aplicação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) ao setor aéreo, o impacto pode ser devastador”, disse Peter Cerdá, CEO da Alta e vice-presidente da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) para as Américas.
Segundo ele, o aumento de impostos pode elevar tarifas em até 30%.
“Estima-se que tarifas mensais possam subir de US$ 130 para US$ 160 e, no mercado internacional, de US$ 740 para US$ 935. O impacto pode causar uma redução de até 30% nas viagens. É um retrocesso preocupante, justamente quando o mercado doméstico brasileiro é destaque global”, declarou a jornalistas.
Questionado sobre os fatores que explicam o crescimento, Cerdá afirmou que foi o “compromisso da indústria”. Contudo, alertou que “regulações excessivas” acabam gerando o efeito contrário ao pretendido.
“Quando se impõem muitas dessas leis de proteção ao consumidor, o resultado costuma ser aumento nas tarifas, menos pessoas com capacidade de viajar, impacto negativo na conectividade e, em muitos casos, redução de voos ou serviços aéreos para determinadas comunidades”, disse.
Segundo ele, no Brasil há falta de transparência e diálogo com o setor.
“Quando os governos propõem leis no Congresso, pedimos que conversem com a indústria, que avaliem os cenários e as razões por trás das medidas. Infelizmente, muitas dessas decisões são tomadas unilateralmente, sem qualquer consulta ao setor”, afirmou.
Roberto Alvo, presidente do Comitê Executivo da Alta e CEO do Grupo Latam Airlines. complementou dizendo que os números brasileiros são expressivos, mas poderiam ser ainda melhores com políticas públicas mais consistentes.
“Quando se dão números de crescimento, a pergunta correta é: quanto mais poderíamos crescer se as políticas fossem melhores? Isso mostra o potencial que temos”, disse.
Segundo Alvo, o transporte doméstico no Brasil já está acima dos níveis de 2019, o que reforça a retomada do setor.
“O transporte doméstico no Brasil teve recuperação importante, assim como em outros países, e já está acima dos níveis de 2019”, afirmou.
O repórter Caio Barcellos viajou a convite da Alta.
