Política Agrícola: inovação institucional e reengenharia
O PSBC pretende agregar valor à soja produzida em sistemas que reduzem as emissões de gases de efeito estufa e, assim, ajudam a combater o aquecimento global. O projeto começou em abril de 2021 e já indica que é possível produzir soja reduzindo a emissão de gases do efeito estufa em 30%, em média. Ao Agro Estadão, Debiasi diz que o potencial é ainda maior. “Esse número que a gente chegou é conservador, preliminar, e com base no produtor médio nacional que já produz com sustentabilidade”, comenta. Ele explica que o resultado tem um impacto muito grande no compromisso que o Brasil firmou durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 26) – a principal é reduzir a emissão de carbono em 50% até 2030. A pesquisadora da Embrapa Soja, Roberta Carnevalli Monteiro, reforça a importância do Brasil comprovar as emissões. “Os cálculos foram feitos dessa forma, a soja foi produzida com essas boas práticas, o sequestro de carbono foi esse e são essas as emissões. Assim, não tem como contestar. Você prova em números e documentos a qualidade da produção de soja no Brasil que, frequentemente, é mal interpretada em outros países”, diz. Para quem interessa o PSBC
Os pesquisadores acreditam que ainda são poucos os produtores rurais interessados pelo reconhecimento, porque é mais complexo mensurar os ganhos reais. “De maneira geral, pouco mais da metade não está pensando nisso. E os que já aplicam as boas práticas têm os benefícios, mas não ganham nenhum diferencial no mercado. Esses são os que têm maior expectativa em relação ao selo”, afirma Roberta. “Nós acreditamos que o selo não vai elevar só a soja daquele certificado para outro nível. Vai levar toda a soja brasileira, porque quem está comprando essa soja certificada vai pensar: esse outro não tem o selo, mas produz da mesma forma, então a emissão no Brasil não é como estão dizendo”. Roberta Carnevalli Monteiro, pesquisadora da Embrapa Soja Obter o selo traz ganhos para a produção, começando por torná-la mais resistente às mudanças climáticas. Essa é uma das vantagens da adoção de boas práticas, segundo a pesquisadora da Embrapa Soja. “Numa situação de onda de calor ou veranico, os sistemas vão aguentar mais sem perder produtividade ou perdendo muito menos do que na forma tradicional de cultivo. A expectativa de queda da produtividade em relação às mudanças climáticas é na ordem de 20% sem a aplicação das boas práticas”, pondera. Além disso, as mesmas práticas que melhoram a sustentabilidade também aumentam a produtividade da soja e reduzem os custos de produção, argumentam os pesquisadores. E economicamente, já existem oportunidades de mercado para o agricultor preocupado em reduzir a emissão de carbono. “Tem o acesso a financiamentos com taxas de juros diferenciadas e o pagamento de bonificações. Mas é algo que ainda está sendo estruturado”, afirma Debiasi. “Qual vai ser o diferencial é a grande questão! Quanto maior for a demanda [pela certificação da soja baixo carbono], maior tende a ser a bonificação”, reflete Roberta. Fonte: Estadão Conteúdo VEJA TAMBÉM: