A música é uma arte que atravessa gerações, mistura culturas e, por meio dessas fusões, carrega o poder de representar múltiplas ancestralidades. No caso da música black brasileira, há uma forte influência de diferentes países, especialmente do continente africano. Nos anos 1980, a ativista e intelectual Lélia Gonzalez cunhou o termo “amefricanidade”, para expressar as raízes do povo negro que se conectam tanto com os povos africanos quanto com os ameríndios.
Durante o , realizado em Ribeirão Preto no último sábado (14/6), Russo Passapusso, vocalista do, resgatou o conceito de Lélia para ressaltar sua importância na construção da música nacional. Ele também destacou como o movimento aproxima diferentes gerações — algo que ficou evidente no próprio festival, que reuniu artistas como Seu Jorge e Tony Tornado, nomes de épocas distintas, mas igualmente marcantes na história da música brasileira.
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1 de 7 Baianasystem se apresentou no João Rock Paduardo, Denilson Santos e Thiago Duran / Divulgacão João Rock
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2 de 7 A banda é representante do afro rock Paduardo, Denilson Santos e Thiago Duran / Divulgacão João Rock
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3 de 7 Eles estrearam o show Lundu Rock Show Paduardo, Denilson Santos e Thiago Duran / Divulgacão João Rock
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4 de 7 O vocalista destacou a importância da "amefricanidade" na música black Paduardo, Denilson Santos e Thiago Duran / Divulgacão João Rock
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5 de 7 Paduardo, Denilson Santos e Thiago Duran / Divulgacão João Rock
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6 de 7 Paduardo, Denilson Santos e Thiago Duran / Divulgacão João Rock
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7 de 7 Paduardo, Denilson Santos e Thiago Duran / Divulgacão João Rock
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“Eu vou começar com uma frase que gritado nos meus sonhos, nos meus acordar, nos meus ensaios e fica gritando dentro de mim. Existe um passado que o futuro ainda não alcançou. Quando a gente fala da música black, da música brasileira, das fusões da música brasileira, intermediando todos os forrós, todas as relações, os gritos dos movimentos sociais, a gente fala de uma cultura viva, de um Brasil vivo, de um Brasil unificado, de uma cultura de amefricanidade, a gente fala de gritos, de Lélia, de outras pessoas dentro da nossa expressão, a gente vive isso”, declarou.
Na sequência, ele trouxe o conceito de amefricanidade para o novo show do Baianasystem, o Lundu Rock Show, que estreou durante o João Rock. “Esse show fala sobre sobre isso, trata-se de um grito de África, onde a cultura dos portugueses não deixaram, mas tiveram que aceitar dentro das manifestações culturais do Brasil. Isso é Lundu”, completou.
Russo destacou que a apresentação foi como sentir “que o público tem um pouco do palco e que o palco tem um pouco do público”. Para ele, essa troca é essencial para mostrar que o palco é diferente da fotografia de um álbum. “O palco é mutante, é ser influenciado pelo que eu vejo a todo momento. Estar junto de um Tony Tornado é revelar o mar de gente no nosso peito cada vez mais se mexendo. Isso é imortal”, afirmou.
Por fim, o cantor refletiu sobre o papel da cultura na relação entre passado e futuro. “Eu poderia ficar dias aqui falando sobre isso. E quero que o Brasil conheça cada vez mais de si. Existe um passado que o futuro ainda não alcançou. Em algumas culturas, dizem que o futuro está atrás, porque você não sabe o que vem. E o passado está na frente, porque você se lembra do que viveu”, concluiu.