O presidente do conselho do IEPS (Instituto de Estudos para Políticas de Saúde) e do IMDS (Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social), Armínio Fraga, disse neste sábado (12.abr.2025) que, “no Brasil, as pessoas ainda sonham com planos de saúde”. Isso deveria acender um alerta aos políticos, afirmou Fraga durante a Brazil Conference, evento realizado por brasileiros na Universidade Harvard, nos EUA.
Para ele, o SUS é vítima de falta de conhecimento e atenção. O economista propôs que se repense as prioridades do gasto público no Brasil, porque o SUS (Sistema Único de Saúde) “gasta só 4% do PIB (Produto Interno Bruto)”. Ele comparou aos investimentos em saúde pública de outros países, como o sistema inglês que gasta 24% do PIB, para demonstrar que a União investe pouco na área.
Segundo o dado mais recente da ANS (Agência Nacional de Saúde), de janeiro, há 52 milhões de beneficiários de planos de saúde no Brasil.
Em complemento à fala de Fraga, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, declarou ser necessário reconstruir a tradição da saúde pública no Brasil. Para ele, o SUS teve seu papel invalidado nos anos de administração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para auxiliar no desenvolvimento da saúde pública, ele defendeu a cooperação entre os sistemas público e privado: “Não podemos mais pensar o Brasil com 2 sistemas que funcionam em paralelo, competindo pelos recursos que temos. E não falo só de recurso financeiro. Recursos também são profissionais qualificados, melhores hospitais, insumos”.
A Brazil Conference é uma reunião de autoridades, empresários, artistas e influencers brasileiros que viajam até Boston, nos Estados Unidos, para falar em Harvard, universidade que fica na cidade de Cambridge –conurbada a Boston– e sede da instituição de ensino.
O evento é promovido anualmente desde 2015 por estudantes brasileiros da região de Boston (não apenas os que estudam em Harvard), local conhecido por receber há décadas imigrantes latinos, muitos do Brasil.
Apesar de ser numa cidade norte-americana, a maioria dos painéis é com brasileiros falando em português no palco e plateia composta majoritariamente também por pessoas do Brasil, como se fosse numa conferência realizada em São Paulo ou no Rio de Janeiro.
Os palestrantes do evento publicam quase sempre fotos e vídeos em suas redes sociais, dizendo estarem em Harvard –o que é verdade. Mas trata-se de encontro de impacto pequeno nos Estados Unidos e repercussão quase nula na mídia norte-americana.