• Segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Abiquim: tarifaço impõe desafios para indústria química nacional

Segundo informações da associação do setor, associados já enfrentam cancelamentos de pedidos de clientes norte-americanos pelo tarifaço.

O decreto publicado em 30 de julho pelo governo dos EUA, que oficializou o tarifaço de 50% para produtos brasileiros a partir de 7 de agosto, está trazendo “impactos relevantes” para indústrias químicas do país, inclusive para as que produzem insumos e matérias-primas para setores exportadores brasileiros, tais como móveis, têxteis, couro e borracha.

Segundo a Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), alguns de seus associados começam a reportar cancelamentos de pedidos de clientes americanos. O decreto publicado na 4ª feira (30.jul) trouxe cerca de 700 exceções ao tarifaço, mas não incluiu a maioria dos produtos exportados pela indústria química brasileira.

Segundo a Abiquim, os EUA mantêm superavit setorial frente à indústria química brasileira, com saldo anual próximo de US$ 8 bilhões.

“Em 2024, a alíquota efetiva aplicada pelo Brasil aos produtos químicos de uso industrial dos EUA foi de 7,7%, considerando a média ponderada pelo valor importado. As exportações brasileiras de produtos químicos para os EUA somaram US$ 2,4 bilhões em 2024”, disse a associação em nota. Eis a íntegra do documento (PDF – 394 kB).

Do total de produtos químicos exportados para os EUA em 2024, a maioria (82%) estava concentrada em 50 códigos NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul). Entre esses itens, havia petroquímicos básicos, intermediários orgânicos e resinas termoplásticas.

“Desses 50 principais itens, só 5 não serão afetados pela nova tarifa adicional e representaram US$ 697 milhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024. Os demais itens — equivalentes a US$ 1,7 bilhão — passarão a ser tributados com a alíquota adicional de 40%, resultando em uma carga total de 50%”, disse a associação.

Para a Abiquim, é preciso “buscar formas de mitigar os impactos” do tarifaço sobre o setor por meio de um “diálogo construtivo e cooperação bilateral”.

A entidade diz que apoia a atuação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e de outras autoridades brasileiras na busca por uma solução rápida e efetiva, por meio dos canais diplomáticos e comerciais com os EUA.

Na nota, a associação informou que, junto ao American Chemistry Council, elaborou declaração que foi entregue a autoridades brasileiras e norte-americanas solicitando “ações concretas para evitar prejuízos à integração produtiva e à resiliência das cadeias de suprimento químicas entre os dois países”.

No texto, defendeu ainda a adoção de medidas emergenciais, entre as quais, a aplicação do direito provisório de defesa antidumping e o reforço dos recursos humanos e tecnológicos para resposta rápida a desvios de comércio. Também defendeu a devolução imediata de saldos credores de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), a criação de novas linhas de financiamento à exportação e a ampliação do Reintegra, programa que incentiva a exportação de produtos manufaturados.

Com informações da Agência Brasil.

Por: Poder360

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