• Domingo, 29 de junho de 2025

A fase traumática que Ney Matogrosso viveu por causa da Aids

Ney Matogrosso viveu momentos de tensão com a preocupação com possível diagnóstico de HIV e o medo de perder amigos para a doença

O filme se tornou um sucesso após entrar na Netflix. O que narra a vida e a carreira de Ney Matogrosso aborda muitas questões da vida pessoal e musical do cantor, mas deixou lacunas sobre diversos momentos. Apesar disso, a trama aborda com ternura e fidelidade a fase turbulenta vivida por Ney Matogrosso quando estava com medo de ser diagnosticado com HIV e o trauma que ele viveu ao ver tantos conhecidos padecendo após contraírem a doença. 6 imagens Jesuíta Barbosa caracterizado com figurino usado para a performance de Bandido Corazón Jesuíta Barbosa, Jullio Reis e Esmir Filho no Open AirNey Matogrosso na juventudeNey Matogrosso e CazuzaMarco de Maria e Ney MatogrossoFechar modal. 1 de 6 Ney Matogrosso com Esmir Filho no set @esmirfilho/Instagram/Reprodução 2 de 6 Jesuíta Barbosa caracterizado com figurino usado para a performance de Bandido Corazón @esmirfilho/Instagram/Reprodução 3 de 6 Jesuíta Barbosa, Jullio Reis e Esmir Filho no Open Air Luis Nova/Especial Metrópoles 4 de 6 Ney Matogrosso na juventude Reprodução 5 de 6 Ney Matogrosso e Cazuza 6 de 6 Marco de Maria e Ney Matogrosso Reprodução/Instagram O contato de Ney Matogrosso com a Aids O medo de contrair o vírus do HIV era constante no fim dos anos 1980 e começo dos anos 1990. Ney viveu intensamente enquanto era obrigado a assistir vários amigos e amores parecerem da doença. Os momentos foram retratados com certa fidelidade em Homem com H, entretanto a biografia de Ney Matogrosso foi além para mostrar a tensão do artista em um momento tão preocupante da vida dele e de pessoas que ele amava. O contato mais direto foi com Marco Maria, . Quando Marco voltou de viagem, Ney logo viu sinais de que ele tinha sido contaminado, baseado na vivência que teve com Cazuza enquanto ele enfrentava a doença. “Os cabelos rareavam, ficavam lisos e os pelos do rosto mudavam de cor; da barba loira de Marco despontavam fios pretos e grossos”, diz um trecho do livro Ney Matogrosso: A Biografia, publicada pela Companhia das Letras em 2021. Ney e Marco, mesmo com muitas certezas do diagnóstico, decidiram por fazer o teste de HIV. Marco tinha certeza que o contágio teria sido de encontro com um jovem norte-americano com quem transara uma ou duas vezes. O diagnóstico de Marco era, infelizmente, positivo e, mesmo temendo o próprio contágio, Ney decidiu não fazer o teste para cuidar integralmente do amado. Os dois fizeram ainda juras de amor. “Marco se apavorou com a ideia do abandono e perguntou a Ney: ‘Você jura que vai ficar comigo?’. E Ney respondeu: ‘Eu vou ficar com você até o fim'”, revela outro trecho da biografia. Ney Matogrosso viveu tensão e medo do diagnóstico Nos dias que passaram, Ney passou a cuidar de Marco, contando com a ajuda da família do médico. Aos poucos, contudo, ele foi cercado por pessoas que também estavam infectadas. Ele então decidiu parar de adiar a realização de um teste de HIV e lidar com o destino que tinha certeza de ter também. Entretanto, foi pego de surpresa ao abrir o envelope do resultado e ver “negativo”. Ao voltar para casa, contou friamente para Mauro e não esboçou sentimento especial ou alegria. “Não haveria alívio nem comemoração enquanto as pessoas que amava estivessem tombando a seu lado. Uma devastação que estava só no começo”, diz outro trecho da biografia. Em sequência, mais pessoas do convívio de Ney confirmariam o diagnóstico de HIV: o compositor Raphael Rabello e o estilista Markito. Pouco depois, chega a notícia de que Carlos Augusto Strazzer e Cláudio Gaya também tinham contraído a doença. O secretário de Ney, Luisinho, e o confidente dele, Vicente Pereira, também. Aos poucos, todos foram perdendo a vida, um a um, e o cantor precisou receber as notícias e lidar com o luto constantemente. “Ney foi ao cemitério por três vezes em apenas uma semana para enterrar amigos e amigos de amigos consumidos pela AIDS.” Após tantas perdas, Ney Matogrosso não sentiu, pela primeira vez, vontade de sair da cama. Ele sabia que podia estar com depressão e passou a nem dizer o nome da doença, para não “abrir espaço a mais um mal na vida”. Então, ele seguiu em frente. Mesmo tendo que enterrar ainda mais pessoas, ele sabia que tinha outros amigos para cuidar, contas para pagar e shows que deveriam tirá-lo da cama.
Por: Metrópoles

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