• Sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Zanin confirma investigação de autoridade com foro em esquema do STJ

Relator da operação Sisamnes, Zanin cita, pela 1ª vez, que suspeitas sobre venda de decisões judiciais podem recair sobre ministro

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e relator da operação Sisamnes, Cristiano Zanin, confirmou que a PF (Polícia Federal) está investigando “potencial participação de autoridade com prerrogativa de foro” no esquema de venda de decisões do STJ. 

A informação consta em despacho emitido na 5ª feira (14.nov.2025). Esta é a 1ª vez que o relator do caso sinaliza que as suspeitas podem recair sobre um ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Zanin não identificou quem seria a autoridade sob investigação.

O despacho representa uma alteração no entendimento anterior. No início do inquérito, o ministro havia divulgado comunicado à imprensa negando investigações contra magistrados do STJ.

O despacho foi elaborado como resposta às solicitações das defesas dos investigados, que pediam a transferência do processo para a 1ª instância. Os advogados argumentam não existir provas suficientes contra ministros para manter o caso no STF. Na decisão,  Zanin entendeu que essas evidências estão sendo apuradas em procedimento específico e sigiloso, separado do inquérito principal.

“A investigação apura, em procedimento específico, potencial participação de autoridade com prerrogativa de foro neste Supremo Tribunal Federal, razão pela qual reafirmo, uma vez mais, a competência da Suprema Corte”, escreveu o ministro.

A PF identificou indícios de ligações entre ministros do STJ e pessoas investigadas na operação. No relatório parcial entregue no mês passado, os investigadores afirmam que o esquema era orquestrado pelo empresário Andreson Gonçalves e pelo advogado Roberto Zampieri, que intermediaram a antecipação de decisões com assessores de gabinetes dos ministros Og Fernandes, Isabel Gallotti e Nancy Andrighi. 

Em novembro de 2024, a PF inaugurou a operação para investigar um esquema de venda de decisões judiciais no STJ. A ação mira advogados, lobistas, empresários, assessores e funcionários dos gabinetes dos ministros suspeitos de negociar sentenças favoráveis em troca de pagamentos. 

Na ocasião, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão. Desses, 3 foram contra funcionários do Tribunal, que foram afastados das suas funções. São eles:

A apuração começou a partir de mensagens encontradas no celular do advogado morto em 2023 no Mato Grosso, Roberto Zampieri.

Segundo o ministro Zanin, a análise do aparelho celular do advogado evidenciou “amplo arcabouço” de diálogos e conversações entre os envolvidos que expõem “espúrias negociações”.

O Poder360 procurou as defesas dos ministros Isabel Galotti, Og Fernandes e Nancy Andrighi. Leia a íntegra abaixo:

A ministra desconhece o conteúdo da investigação, que tramita em sigilo. Seu gabinete está à disposição para auxiliar no que for necessário a fim de que sejam cabalmente apurados os fatos ocorridos e responsabilizados todos os envolvidos”.

O ministro Og Fernandes informou que não tem conhecimento da investigação, exceto pelo que vem sendo divulgado pela imprensa. Ele reforça que, respeitando o direito ao contraditório, quem cometer ato ilícito deve assumir as consequências legais cabíveis”.

O Gabinete da Ministra Nancy Andrighi registra que os processos de responsabilização encontram-se em andamento, a fim de que os fatos sejam devidamente esclarecidos e os responsáveis punidos de forma exemplar”.

Questionada pelo Poder360, a defesa de Andreson de Oliveira Gonçalves disse que não se manifestará sobre a investigação –que corre em sigilo.

A defesa do ex-chefe de gabinete da ministra Isabel Gallotti, Daimler Alberto de Campos, afirmou que a investigação usa “relações fictícias” para incriminá-lo. “O nome de nosso cliente foi utilizado de forma espúria por pessoas que inventavam relações fictícias para vender influência fictícia”, declarou o advogado Bernardo Fenelon.

Segundo ele, depois de 1 ano de investigações, não há nenhum indício contra Daimler. “Verdadeiramente esperamos que a nova autoridade policial opte por investigar essas pessoas”, declarou.

Por: Poder360

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