O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, anunciou nesta 2ª feira (21.jul.2025) que moveu uma investigação contra o presidente de El Salvador, Nayib Bukele (Nuevas Ideas, direita), por “maus-tratos” a imigrantes venezuelanos presos no país.
O processo também analisa as ações do Ministro da Justiça de El Salvador, Gustavo Villatoro, e o chefe do sistema prisional, Osiris Luna.
Saab acusa El Salvador de “torturar” os migrantes levados ao Cecot (Centro de Confinamento do Terrorismo), megaprisão destinada a integrantes de gangues, repatriados em acordo com os Estados Unidos. Segundo o procurador, mais de 80 funcionários do Ministério Público da Venezuela entrevistaram os 252 imigrantes soltos, que comprovaram as alegações de maus-tratos.
Os venezuelanos foram levados ao Cecot em março. Foram acusados de pertencer à gangue Tren de Aragua, que os EUA classificaram como um grupo “terrorista”. O governo do presidente Donald Trump (Partido Republicano), que pagou US$ 6 milhões a El Salvador para enviar os migrantes, teria deportado venezuelanos sem nenhuma ficha criminal.
Todos os presos que chegam à Cecot recebem pena de prisão perpétua e perdem a comunicação com familiares e amigos. O governo Trump havia negociado 1 ano para manter os venezuelanos, prazo diminuído para 4 meses.
Os relatos dos presos incluem acusações de agressões físicas e abusos sexuais nas celas, com pouca luz e ventilação e em condições “desumanas”. “Faço um apelo ao Tribunal Penal Internacional, ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, aos organismos correspondentes, tanto da América quanto do mundo, para que façam o mesmo”, disse Saab.
Apesar de iniciar o processo, a Venezuela também tem histórico de acusações de perseguir opositores e maltratar presos políticos. A Corte de Haia, acionada pelo procurador-geral venezuelano, também investiga o presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) por crimes contra a humanidade.