• Sexta-feira, 14 de novembro de 2025

“Vai estudar senão você vai pra roça”: A frase que revela o maior preconceito contra o Agro

O que era uma "ameaça" se tornou uma piada. Hoje, o agro, que representa 23,2% do PIB nacional, sofre com um apagão de mão de obra qualificada. A realidade é o oposto: estude, ou você não dará conta da roça

O que era uma “ameaça” se tornou uma piada. Hoje, o agro, que representa 23,2% do PIB nacional, sofre com um apagão de mão de obra qualificada. A realidade é o oposto: estude, ou você não dará conta da roça Poucas frases no vocabulário brasileiro envelheceram tão mal. O ditado “vai estudar senão você vai pra roça”, repetido por gerações como uma ameaça velada, pintava o campo como um destino de fracasso, um lugar de gente sem estudo e sem futuro. A “roça” era o castigo. A cidade, o prêmio. Hoje, essa frase não é apenas um preconceito; é uma prova de profunda desinformação. O agronegócio brasileiro se transformou em um dos setores mais complexos, tecnológicos e economicamente vitais do planeta. Quem ainda repete essa frase parou nos anos 70, enquanto o campo brasileiro saltava para o século 21. A realidade é que a lógica se inverteu: o agro moderno expulsa quem não estuda.
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    A “Roça” de R$ 2,72 Trilhões O primeiro erro da frase preconceituosa é tratar o campo como sinônimo de “fracasso”. Os dados mostram o exato oposto. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o PIB do Agronegócio alcançou a marca de R$ 2,72 trilhões em 2024. Isso representa 23,2% de toda a economia brasileira. window._taboola = window._taboola || []; _taboola.push({mode:'thumbnails-mid', container:'taboola-mid-article-thumbnails', placement:'Mid Article Thumbnails', target_type: 'mix'});O setor que carrega um quarto do Produto Interno Bruto do país nas costas não é gerenciado por “falta de opção”. Ele é operado por gestores, engenheiros, financistas e cientistas. Não se administra um negócio dessa magnitude com amadorismo; exige-se profissionalismo e capital intelectual de ponta. O cérebro por trás da porteira: O Agro 4.0 "Vai estudar senão você vai pra roça": A frase que revela o maior preconceito contra o Agro - mão de obra qualificada
    Foto: Divulgação
    O segundo erro da frase é a ignorância sobre quem, de fato, trabalha no campo hoje. A imagem do trabalhador de enxada, embora ainda existente, não representa mais o cérebro da operação. Estamos na era do Agro 4.0. A “roça” de hoje é digital e de precisão:
  • Tecnologia de ponta: O Brasil é líder na adoção de Agricultura de Precisão (AP). Dados da Esalq/USP mostram que a adoção de ferramentas como GPS, softwares de gestão e telemetria é uma realidade consolidada, com taxas que chegam a 66% na cultura do algodão.
  • Novas profissões: O campo não demanda mais apenas agrônomos (que já exigem alta qualificação). A demanda agora é por cientistas de dados, operadores de drones e especialistas em genética.
  • Salários competitivos: Um reflexo direto dessa demanda são os salários. Segundo guias salariais (como o da Robert Half), um Gerente de Fazenda qualificado pode ter salário de R$ 19.000 a R$ 25.000, um Cientista de Dados focado no agro pode chegar a R$ 12.000, e um Operador de Drones especializado, a R$ 9.000.
  • Essas vagas não são preenchidas por quem “não estudou”. O verdadeiro “Apagão” do campo: Falta mão de obra qualificada Aqui, a frase preconceituosa é finalmente destruída pelos fatos. O maior problema do agro moderno não é o excesso de gente sem estudo; é a falta de gente com o estudo certo. O setor vive um “apagão de mão de obra qualificada”. Estudos sobre a adoção de tecnologia no campo são unânimes: um dos maiores entraves para a expansão da Agricultura de Precisão no Brasil é a “falta de mão de obra qualificada” para operar as máquinas e interpretar os dados. Uma pesquisa recente sobre o mercado de trabalho digital no setor projetou uma demanda de curto prazo por 178 mil profissionais “digitais” (especialistas em software, dados, automação), mas estimou que apenas um terço dessas vagas seriam preenchidas. O Censo Agro de 2017 (IBGE) apontava desafios históricos na escolaridade básica da totalidade dos produtores, muitos dos quais em agricultura familiar ou de subsistência. No entanto, a nova geração e o perfil do trabalhador contratado pelo agro profissional mudou. Estudos do Cepea/CNA sobre a população ocupada no agro mostram uma “tendência de aumento constante na escolaridade”, refletindo a maior complexidade e exigência de qualificação do setor. A frase inverteu A “roça” não é mais um castigo para quem não estudou. Ela se tornou um destino de alta performance, inacessível para quem não se prepara. O campo deixou de ser o lugar da “enxada” e se tornou o lugar do “tablet”. O tratorista de hoje não é quem “não sabe ler”; ele é um operador de máquinas de R$ 2 milhões guiadas por satélite, que analisa mapas de calor em tempo real. O preconceito revelado na frase “vai pra roça” é apenas o reflexo de uma visão urbana que parou no tempo, ignorando a maior revolução tecnológica e gerencial do país. A frase correta para o século 21, que todo pai deveria dizer ao filho, é: “Meu filho, vai estudar MUITO, senão você nunca vai conseguir ir pra roça.” Escrito por Compre Rural VEJA MAIS:
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  • ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
    Por: Redação

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