Duas iniciativas pioneiras no estado do Rio de Janeiro, apoiadas pelo Ministério da Justiça, vêm dando força a essas famílias. Uma delas é a Rede de Atenção às Vítimas da Violência do estado, a Raave, que oferece atendimento psicossocial aos participantes. Desde o ano passado, cem mães inscritas na rede recebem uma bolsa de pesquisa por meio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para elaborar uma proposta de política pública nacional voltada para pessoas que foram vitimadas em ações policiais.“A gente tem que ir em busca da verdade porque em vez de investigar o assassino, a polícia criminaliza as vítimas”, afirma Ana Paula Oliveira, mãe de Johnatha Oliveira, morto por um policial da UPP de Manguinhos em 2014.
Em resposta à reivindicação das famílias por uma investigação independente, foi criado o Projeto Mirante, coordenado pelo Grupo de Novos Ilegalismos (GENI), da Universidade Federal Fluminense (UFF), com participação das Defensorias Públicas do Rio de Janeiro e de São Paulo e uma equipe de perícia. Eles reavaliam as provas oficiais e apontam aspectos que deixaram de ser investigados.“Eles não estão mais aqui, mas nós estamos. A nossa dor nos dá uma força que eles não têm noção”, destaca Lídia Moreira da Silva, que teve a neta Rebecca, de 7 anos, e a sobrinha Emily, de 4 anos, mortas pelo mesmo tiro de fuzil no dia 4 de dezembro de 2020, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Um dos casos analisados envolve as mortes do filho e do marido da trancista Sonia Bonfim, uma das bolsistas da Raave. Samuel Vicente, de 17 anos, e o padrasto William Vasconcellos, foram baleados no amanhecer do dia 25 de setembro de 2021, no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Os policiais alegaram que os dois eram traficantes e que agiram em legítima defesa. O parecer técnico-pericial do Projeto Mirante aponta diversas falhas na investigação. Testemunhas afirmam que as vítimas não portavam armas. A Polícia Civil informou que a investigação continua em andamento na delegacia de Ricardo de Albuquerque e está sob sigilo. “Eu não vou desistir, vou até o final. Em todas as ocasiões que eu tiver oportunidade, eu vou continuar denunciando (a polícia), porque essas mortes têm que acabar”, afirma Sônia.“Todo esse trabalho é realizado para garantir o acesso à justiça dessa população, que é a população mais vulnerável”, diz a defensora pública Maria Júlia Miranda, que atua no Projeto Mirante no Rio de Janeiro.
Sobre o programa
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