Trump e Zelensky: parceria inesperada pode redesenhar rumos da guerra
Movimento estratégico visa cessar-fogo, mas levanta dúvidas sobre intenções de Trump e Putin. Zelensky aguarda com ansiedade acordo de paz
Em um movimento inesperado, o presidente dos Estados Unidos, , e o líder da Ucrânia, , iniciaram uma reaproximação política que pode alterar o curso da guerra na Ucrânia. Após meses de relações tensas, na última semana os líderes discutiram estratégias para um possível cessar-fogo, embora especialistas alertem para os riscos dessa aliança.
Após o desastroso encontro entre os líderes das potências, no Salão Oval da Casa Branca, no final de fevereiro, Zelensky e Trump voltaram a mesa em busca de saborear o prato principal: .
Em uma conversa telefônica recente, Trump se comprometeu a auxiliar a defesa aérea ucraniana e relatou a Zelensky que Vladimir Putin aceitou uma pausa nos ataques à infraestrutura energética do país. Apesar do avanço diplomático, especialistas avaliam a reaproximação com cautela, destacando os interesses políticos e econômicos por trás do movimento.
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Volodymyr Zelensky, divulgou na última quarta-feira (19/3), que a Ucrânia havia aceitado a proposta de cessar-fogo, patrocinada pelos Estados Unidos. Já o Kremlin aceitou somente a pausa em estruturas energéticas ucranianas.
O objetivo é que, em breve, representantes dos governos de Ucrânia e EUA se encontrem novamente na Arábia Saudita para discutir a implementação do cessar-fogo e outras questões de segurança.
Zelensky alertou a necessidade de reforço da defesa aérea da Ucrânia para proteger civis dos ataques russos. A medida apontada é considerada ponto de tensão, já que Putin condicionou seu apoio ao cessar-fogo à garantia de que a Ucrânia não utilizaria o período para reforçar seu aparato militar.
Novamente, o líder ucraniano responsabilizou Putin pela continuidade da guerra e reforçou que a proposta de um possível cessar-fogo segue na mesa.
Trump declarou na sexta-feira (21/3), que um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia deve acontecer , devido a seu papel nas negociações.
Reaproximação pragmática e interesses estratégicos
A relação entre Trump e Zelensky já passou por momentos de tensão, especialmente após o encontro de fevereiro, quando o presidente americano pressionou a Ucrânia a aceitar concessões territoriais para a Rússia. Agora, o diálogo se torna mais pragmático. Segundo Gustavo Menon, coordenador do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília, a mudança de postura do norte-americano, visa fortalecer sua imagem internacional.
“A reaproximação Trump-Zelensky , uma vez que há volatilidade nas posições do atual presidente dos Estados Unidos. Enquanto Trump busca um legado de “paz” a qualquer custo, Zelensky tenta equilibrar a sua sobrevivência nacional com pressões geopolíticas a partir da atuação europeia”, afirma Menon.
No entanto, ele alerta que a paz ainda é incerta. “A Rússia apoia a postura de Trump, já que suas exigências, como adiar a expansão da OTAN e aceitar concessões ucranianas, alinham-se aos interesses do Kremlin. Putin usará a disposição americana para exigir mais concessões, enquanto testa a coesão de forças ocidentais. A desconfiança persiste: Trump tenta pressionar a União Europeia para se desvencilhar em termos orçamentários da OTAN.”
A proposta de Trump de adquirir usinas de energia ucranianas, foi prontamente rejeitada por Zelensky, que destacou a importância de manter a soberania energética do país. Mesmo assim, a usina nuclear de Zaporizhzhia, sob controle russo, foi tema das negociações. Zelensky ofereceu aos EUA a possibilidade de assumir sua gestão, caso fosse recuperada pela Ucrânia.
Para o economista Ian Lopes, a movimentação de Trump pode ser uma tentativa de recuperar popularidade após críticas internas por sua . “Moscou não respeitou o último cessar-fogo, já no mesmo dia eles já bombardearam estruturas de energia, o que levanta dúvidas sobre a eficácia dessa nova tentativa”, afirma Lopes.
Além disso, o economista destaca a influência dos interesses minerais na região. “A Ucrânia possui recursos raros que interessam tanto aos EUA quanto à Rússia e à Europa. O discurso de aproximação com Moscou pode ser uma jogada estratégica para negociar esses ativos”, analisa.
Europa observa com cautela
A reaproximação entre Trump e Zelensky ocorre em um momento delicado para os aliados europeus, que acompanham com desconfiança os movimentos do governo norte-americano. Líderes demonstram ceticismo quanto à disposição da Rússia em respeitar qualquer acordo de paz.
Laércio Munhoz, coordenador do curso de Comércio Exterior, acredita que a Europa tem um interesse econômico na continuidade da guerra. “A Europa que passa por uma severa recessão, investimentos baixos, reservas perto do fim, juntos esses fatores sugerem que uma guerra traria recursos. Como demonstrado por empresas como a Volkswagen, que começou a direcionar esforços para a produção militar”, explica.
Cessar-fogo: real possibilidade ou manobra estratégica?
Embora a retomada do traga esperanças para um desfecho pacífico do conflito, especialistas alertam que um acordo de paz duradouro parece distante. As incertezas sobre a real intenção de Putin, a instabilidade da posição de Trump e a fragilidade do apoio europeu fazem com que a reaproximação entre o ucraniano e o líder americano seja vista como um movimento de alto risco.
Enquanto isso, Volodymyr Zelensky continua a resistir e a defender sanções para pressionar o Kremlin a aceitar uma proposta de trégua completa. Já o mundo aguarda para ver se a nova dinâmica política levará a um verdadeiro cessar-fogo ou apenas a uma nova fase de tensões e negociações sem fim.
Por: Metrópoles