
Superlotação nas UPAs: o que explica filas e longas esperas no DF
Demanda excessiva, falta de leitos e desorganização da atenção básica estão entre as causas da superlotação nas UPAs do Distrito Federal
enfrentam uma rotina constante de superlotação. Em todas as regiões, pacientes aguardam horas por atendimento, enquanto equipes médicas trabalham no limite. O cenário reflete a alta demanda somada a .
Segundo o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IgesDF), o problema é multifatorial e se arrasta há anos. Além do número elevado de pacientes que buscam as unidades para casos simples, há gargalos na transferência de internações hospitalares e dificuldades de integração com a atenção primária, o que sobrecarrega as emergências.
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Por que as UPAs estão sempre lotadas?
A superlotação das UPAs é resultado de uma combinação de fatores estruturais, administrativos e sociais. Especialistas ouvidos pelo Metrópoles listaram os principais motivos:
Atendimento de baixa complexidade nas emergências: cerca de 35% dos casos poderiam ser resolvidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Falta de leitos hospitalares: pacientes que precisam de internação permanecem nas UPAs por tempo prolongado.
Subfinanciamento: limita a contratação de profissionais, a manutenção de equipamentos e a compra de insumos.
Desorganização da atenção primária: horários restritos e falta de triagem remota fazem com que a população recorra diretamente às emergências.
Fragmentação de dados: a falta de integração entre UBS, UPA e hospitais dificulta a continuidade do cuidado.
A sobrecarga das UPAs começa na porta de entrada do sistema. Luana Araújo, médica infectologista e sanitarista, de Belo Horizonte, explica que a atenção primária enfrenta dificuldade para oferecer consultas rápidas e horários compatíveis com a rotina da população, já que as UBS não funcionam 24 horas como as UPAs. Isso leva muitos pacientes com quadros leves a procurar as emergências.
“Além disso, a ausência de consultas no mesmo dia, a falta de agendas abertas para atendimento imediato e a inexistência de serviços de teleatendimento ou teletriagem criam um verdadeiro deserto tecnológico, que dificulta o acesso e leva as pessoas a recorrer às UPAs”, explica a especialista.
Outro fator é que a desorganização da rede faz com que o histórico do paciente não acompanhe o atendimento entre UBS, UPA e hospitais, dificultando o seguimento adequado do cuidado. A falta de informação sobre o papel de cada serviço leva parte da população a ver a UPA como o caminho mais rápido para resolver qualquer problema de saúde.
Como o atendimento é organizado nas UPAs e hospitais do DF
As UPAs e hospitais do DF seguem protocolos de cores que definem a gravidade do caso e o tempo de espera, garantindo que os casos mais urgentes sejam atendidos primeiro. Por isso, respeitar essa classificação é fundamental para o bom funcionamento das unidades.
Fila de pacientes em uma UBS do Paranoá, no Distrito Federal, enquanto aguardam atendimento médico
Casos vermelhos são emergências com risco imediato de morte, os laranja são muito urgentes, com risco de piora rápida, enquanto os amarelos são urgentes e atendidos em tempo curto. Os verdes apresentam baixo risco de agravamento e podem ser atendidos na UBS, e os azuis não têm risco imediato, devendo ser acompanhados preferencialmente na UBS.
Entre os casos que exigem atendimento imediato nas UPAs estão problemas graves como falta de ar, dor no peito, convulsões e vômitos com sangue. Gestantes, idosos e crianças pequenas têm prioridade, e a equipe pode reavaliar os pacientes caso haja alteração no estado de saúde.
Caminhos para um sistema equilibrado
Reduzir a superlotação das UPAs exige mudanças estruturais e organizacionais em toda a rede de saúde. Investir na atenção primária, com consultas mais rápidas, horários compatíveis com a rotina da população e teletriagem ajuda a direcionar de forma correta os casos menos graves, evitando que as emergências sejam ocupadas por pacientes que poderiam ser atendidos em outros serviços.
“Quando as pessoas são atendidas de forma coordenada entre UBS, UPAs e hospitais, o cuidado se torna mais contínuo e seguro, além de reduzir o tempo de espera para quem realmente precisa de atendimento urgente”, destaca Francivaldo Soares, superintendente do IgesDF.
Outras ações importantes também incluem ampliar a disponibilidade de leitos hospitalares, reorganizar o fluxo de pacientes e monitorar em tempo real a ocupação das unidades, medidas que ajudam a aliviar a pressão sobre as UPAs e tornar o sistema mais eficiente.
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Por: Metrópoles