• Quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Refri zero é saudável? Mito ganha força, apesar de riscos à saúde

Novo estudo sugere que bebidas adoçadas artificialmente, como o refri, podem elevar em até 60% o risco de desenvolver esteatose hepática

Presentes nas prateleiras há mais de duas décadas, as seguem envoltas em dúvidas, desinformações e polêmicas. Embora populares entre quem busca reduzir a ingestão calórica, a ideia de que essas bebidas são completamente inofensivas — e até aliadas do emagrecimento — tem sido cada vez mais contestada por especialistas e pesquisas científicas. Um estudo apresentado em outubro na Semana Europeia de Gastroenterologia, promovida pela Sociedade Europeia de Endoscopia Gastrointestinal, acendeu um novo sinal de alerta ao associar o consumo de bebidas adoçadas artificialmente, como os refrigerantes zero, a , a chamada esteatose hepática. Segundo a pesquisa, a ingestão desse tipo de produto pode levar a uma disfunção metabólica no organismo ao ocasionar picos de glicose e insulina, comprometendo a saúde do órgão. Leia também E o fígado não é o único que pode sofrer. O consumo frequente dessas bebidas vem sendo relacionado a uma série de outros possíveis prejuízos ao organismo. Entre os principais problemas está o impacto de adoçantes no comportamento alimentar. Por manterem o paladar condicionado ao sabor doce, podem estimular a chamada “compensação calórica”, ou seja, a pessoa acaba consumindo mais calorias em outras refeições, dificultando o processo de mudança de hábitos. “O fato de não conter açúcar e nem calorias não o transforma em uma bebida saudável ou segura”, afirma a nutricionista Fabiana Rasteiro, do Einstein Hospital Israelita. Outro ponto é a ausência de nutrientes: refrigerantes não fornecem vitaminas, minerais ou compostos bioativos, encontrados em alimentos in natura. Além disso, a presença deles na rotina alimentar pode acabar deslocando o consumo de alimentos mais nutritivos, comprometendo a qualidade geral da dieta. Há ainda a crença equivocada de que refrigerante sem açúcar seria equivalente à água. A bebida ultraprocessada contém aditivos como corantes e compostos químicos, e não contribui para a hidratação do organismo. Imagem mostra refrigerante escuro com bolhas visto de perto - MetrópolesMesmo sem açúcar, o refrigerante não chega a ser um aliado do emagrecimento Os efeitos negativos também alcançam a saúde bucal e óssea. “Por conterem aditivos acidificados e valores mais baixos de pH, o consumo prolongado pode levar ao desgaste dentário e aumentar o risco de cáries”, alerta a nutricionista. O dano aos ossos pode se dar em razão do ácido fosfórico, comum nos refrigerantes à base de cola no Brasil, que afeta a densidade óssea. Quem deseja, orientada por profissionais de saúde especializados. “Manter o alto consumo do sabor doce dessas bebidas, mesmo isentas de calorias, vai dificultar a reeducação do paladar e potencialmente manter o consumo de outros doces”, explica Rasteiro. “O sabor doce, sem a chegada da glicose ao organismo, pode levar à busca de energia em outros alimentos, aumentando a procura por mais doces a longo prazo.” Perigos dos adoçantes Os adoçantes artificiais presentes nos refrigerantes sem açúcar têm a função de preservar o sabor adocicado, sem adicionar calorias. De fato, esses produtos não contribuem para o valor calórico por não serem metabolizados pelo corpo. Porém, o gosto doce pode provocar uma resposta indesejada: a liberação de insulina na expectativa da chegada de glicose — que, nesse caso, não ocorre. “Evidências recentes indicam que esses compostos podem afetar negativamente o metabolismo, alterando a microbiota intestinal e impactando a forma como o corpo gerencia glicose e gordura”, relata a nutricionista do Einstein. Os efeitos variam conforme o tipo de adoçante e a quantidade consumida. Em 2023, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o aspartame — um dos adoçantes mais usados em diversos alimentos e bebidas — como “possivelmente carcinogênico para humanos”. Apesar de considerar essas substâncias seguras, a OMS orienta que não se ultrapasse o limite de 40 mg/kg de peso corporal por dia. Alternativas saudáveis Com ou sem açúcar, os refrigerantes devem ser evitados. Vale lembrar que não há recomendações específicas de ingestão no Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. Para quem busca reduzir o consumo dessas bebidas e reeducar o paladar, a dica é apostar em preparos naturais, como águas saborizadas, chás gelados naturais e água de coco. “Primeiramente, devemos lembrar que a água é a melhor opção. Porém, existem diversas bebidas que podem ser consumidas sem gerar prejuízos como os refrigerantes”, conta Fabiana Rasteiro. Confira três receitas: 1. Água saborizada de limão e hortelã Ingredientes: 500 ml de água (pode ser com gás para efeito efervescente); suco de ½ limão espremido na hora; algumas fatias de limão; folhas de hortelã fresca a gosto; gelo a gosto. Modo de Preparo: misture todos os ingredientes em um copo ou jarra e deixe em infusão por pelo menos 10-15 minutos na geladeira. 2. Chá gelado de hibisco e canela Ingredientes: 500 ml de água; 1 colher de sopa de flores de hibisco secas; 1 canela em pau; rodelas de gengibre fresco a gosto. Modo de Preparo: ferva a água e adicione a canela e o gengibre, deixando ferver por alguns minutos. Desligue o fogo, adicione o hibisco e tampe, infusionando até esfriar. Coe a bebida, adicione gelo a gosto. 3. Refresco de maracujá Ingredientes: polpa de 1 a 2 maracujás grandes (peneirada, se preferir); água com gás gelada; algumas folhas de hortelã (opcional); gelo a gosto. Modo de Preparo: em um copo, misture a polpa de maracujá com a água com gás gelada, a hortelã e o gelo. Fonte: Agência Einstein Siga a editoria de e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Por: Metrópoles

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