O documentário resgata ainda filmes raros gravados durante o Culto Ecumênico na Catedral da Sé, em 31 de outubro de 1975, quando mais de 8 mil pessoas se reuniram para um ato em homenagem a Herzog, conduzido por líderes religiosos como o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, o rabino Henry Sobel e o reverendo Jaime Wright, com o apoio do jornalista Audálio Dantas, então presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. O evento tornou-se símbolo da resistência democrática. Já, no podcast O Caso Herzog: A foto e a farsa, o jornalista Camilo Vannuchi entrevista o fotógrafo Silvaldo Leong, que fez a imagem do corpo de Vlado pendurado no DOI-CODI.“"Documentário mostra documentos inéditos, fotos inéditas,perfis de pessoas que trabalharam com ele assim contando exatamente como ele era, né? Como ele agia, como ele conversava com as pessoas."
A produção conta também com entrevistas, documentos e áudios inéditos. Também o jornalista Paulo Markun, que era amigo e trabalhava com ele na TV Cultura, desenvolveu uma ferramenta, com uso da inteligência artificial, que cria respostas com a voz de Vlado, a partir de materiais produzidos por ele ao longo de sua vida. Markun, que estava preso no DOI-CODI na data do assassinato de Herzog, relembra que houve até um inquérito para mascarar o crime."E a gente teve a oportunidade agora de ir pegar o Silvaldo e ir com ele no DOI-CODI no mesmo corredor e na mesma cela pra ele reconstituir aquele episódio. A foto é uma farsa. Simularam o suicídio com Herzog pendurado numa janela com o suposto cinto de pano que faria parte do uniforme dos presos, mais o uniforme da carceragem do do não tinha cinto, e sobretudo essa janela do DOI-CODI, onde ele foi pendurado essa janela tem 1,63 metro, ela é mais baixa do que o próprio Herzog. É toda uma situação que é inconcebível segundo todos os especialistas os médicos".
E no domingo (26), o Calçadão do Reconhecimento será inaugurado na Praça Memorial Vladimir Herzog em São Paulo. Trata-se de uma intervenção permanente no espaço, com a instalação no piso dos nomes de todas as pessoas e coletivos vencedores do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, um dos mais importantes do país. Uma das homenagens será ao conjunto dos trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que recebeu, em 2022, o Prêmio Especial Vladimir Herzog Contribuição ao Jornalismo, pela resistência na defesa da comunicação pública. O reconhecimento decorreu da atuação dos profissionais durante o governo de Jair Bolsonaro, quando a censura, o governismo e a perseguição foram disseminadas na empresa.“Me botaram depois numa sala com outros jornalistas que estavam presos o chefe do e alguns interrogadores e apresentaram ali uma versão que era: Vlado era da KGB, agente secreto russo, era do partido comunista, tinha se suicidado. E os comandantes partido não eram aqueles que a gente imaginava e sim um general, um governador, um cardeal. Tudo isso era uma farsa e uma ficção. A gente tentou argumentar ali na discussão com esses homens, né? Mas eles insistiam que ele tinha se matado. Para a imprensa publicaram uma foto que todo mundo já viu, com o Vlado morto com as pernas arqueadas, né? E houve até um inquérito pra mascarar o assassinato dele. ”





