Julio Casares, presidente do São Paulo, afirmou ao portal UOL na 3ª feira (03.jun.2025) que o time poderá se tornar uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) ou implementar um modelo empresarial semelhante.
Segundo o dirigente, clubes que não seguirem essa tendência perderão competitividade no cenário do futebol brasileiro. Ele reconheceu, porém, haver resistência interna a esse tipo de transformação.
Casares citou como exemplo a possível parceria com o empresário grego Evangelos Marinakis, que pretende investir no centro de formação do São Paulo em Cotia, na região metropolitana da capital paulista.
“A SAF não é um milagre, mas acredito que o melhor modelo é algo que priorize a gestão do futebol. Não posso dizer que o SPFC vai virar uma SAF pura, mas é uma tendência que se o SPFC não tiver algum acordo empresarial, ele vai competir menos. Os clubes, mesmo os que não admitem SAF, e o SPFC tem essa resistência. [O clube] tem que pensar no modelo empresarial, se não vai ficar para trás”, disse.
A necessidade de capital para investir em jovens talentos foi mencionada pelo presidente como um dos principais motivos para buscar parcerias empresariais. O mercado atual valoriza especialmente jogadores entre 17 e 22 anos.
“Eu acredito que o São Paulo e qualquer outro clube têm que ter parcerias cada vez mais empresariais. Se é SAF ou outro modelo, vamos pensar. Hoje existe um novo mercado que precisa ter dinheiro: o jogador que vale muito hoje é aquele garoto de 17 a 22 anos, é o mercado prioritário”, afirmou.
Casares disse que o clube não consegue reter a totalidade dos direitos econômicos dos atletas formados nas categorias de base. Ele citou o caso do zagueiro Beraldo, transferido para o Paris Saint-Germain, do qual o São Paulo detinha apenas 60% dos direitos.
“Esse jogador [da base] tem sócio invisível que não põe dinheiro: 20% da família, 10% do empresário… Eu vendi o Beraldo e eu tinha 60% só dele, ele já veio fatiado”, disse o presidente são-paulino.
A parceria com Marinakis, proprietário de 3 clubes europeus (Nottingham Forest, da Inglaterra, Rio Ave, de Portugal e Olympiacos, da Grécia), é vista por Casares como uma oportunidade para o São Paulo ter acesso ao mercado europeu, além de obter investimentos.
“Quero um sócio que me ponha dinheiro e o grego não só tem dinheiro como tem plataforma esportiva, eu vou ter uma porta para a Europa muito mais rápida. Agora, tem que ter muito critério e jamais é vender ativo da base. É um acordo de valor operacional. Vou ter alguém que me coloca dinheiro e, quando eu vender o jogador, ele vai ter o percentual dele, mas eu vou entrar no mercado firme”, explicou.
Durante a entrevista, o presidente também abordou a situação financeira do clube. Ele afirmou que encontrou o São Paulo em condição financeira “terrível” quando assumiu a presidência, com o time “desmotivado” e “sem receita”.
Para reverter esse quadro, foram feitos investimentos que aumentaram temporariamente o endividamento do clube. Casares estabeleceu um cronograma para quitação dessas dívidas até 2030.
“No 1º mandato tínhamos a ideia de voltar à autoestima do time, de ser competitivo e reconectar o torcedor com o clube. E conseguimos: ganhamos o Paulista, ganhamos a Copa do Brasil e a Supercopa. Essa reconexão aconteceu”, disse Casares.