Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, afirmou nesta 3ª feira (15.jul) que a sigla publicou seu relatório sobre urnas eletrônicas em 2022 por “pressão de deputados”, e “contra a [sua] vontade”. A fala se deu durante seu depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Valdemar é testemunha de Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do IVL (Instituto Voto Legal), que elaborou os relatórios. Rocha também é réu na Ação Penal 2694, que se refere ao núcleo 4 da suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
Em 22 de novembro de 2022, depois do 2º turno eleitoral, o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) uma representação para “verificação extraordinária”.
O partido pediu que o TSE invalidasse votos registrados em 279 mil urnas. A sigla afirmou que havia irregularidades nos equipamentos e que, se excluídos, Bolsonaro venceria a disputa ao Planalto em 2022 por 51,05%, e derrotaria o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O TSE rejeitou a ação, e multou a sigla em R$22,9 milhões.
Durante seu depoimento nesta 3ª feira, o presidente do PL declarou que a decisão de divulgar o relatório foi tomada porque “deputados” queriam divulgar “a dúvida” que a sigla tinha. “Isso foi contra a minha vontade, mas tinha uma pressão muito grande dos deputados para que a gente tornasse aquilo público e levasse ao TSE”, disse.
Na época, Carlos Rocha acompanhou o evento de lançamento do relatório, e disse que o “indício de mau funcionamento” dos equipamentos sem número de identificação gerou “incerteza nos dados que são gerados por essas urnas”.
Quando questionado pela defesa de Carlos Rocha sobre a escolha do Instituto, Valdemar Costa Neto declarou que “não tinha ninguém no mercado para fazer esse trabalho”. Disse, também, que a indicação do serviço partiu do senador Marcos Pontes (PL-SP). Segundo ele, o senador conhecia “2 parceiros de formação do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica)” com conhecimento sobre urnas eletrônicas.
Ao final do seu depoimento, falou que não tinha críticas a fazer sobre o trabalho do Instituto Voto Legal. Disse que “se dedicaram” e “apresentaram relatórios regularmente”. O presidente do PL de São Paulo e vice-presidente do PL nacional, José Tadeu Candelária, acompanhou os trabalhos do Instituto.