• Segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Peronismo vence eleições legislativas em Buenos Aires

Com 89% das urnas apuradas, coligação de Cristina Kirchner tinha 47% dos votos, contra 34% da de Javier Milei.

A coligação Fuerza Patria (esquerda), da ex-presidente argentina Cristina Kirchner, foi a mais votada para a Assembleia Legislativa da Província de Buenos Aires. Com 89% das urnas apuradas às 22h (horário de Brasília), a coalizão tinha 47,00% dos votos. Era seguida pela do presidente Javier Milei, La Libertad Avanza (direita), com 33,84%.

O resultado é considerado um termômetro quanto aos impactos políticos das suspeitas de corrupção que rondam Milei e sua irmã Karina. Apesar de a votação ser local, a região concentra quase 40% da população argentina. Em 27 de agosto, ao fazer campanha na cidade de Lomas de Zamora, ao sul da Grande Buenos Aires, Milei viu sua carreata ser alvo de pedradas.

A Fuerza Patria ficou com 21 das 46 cadeiras em disputa para a Câmara provincial e 13 das 23 do Senado provincial. A La Libertad Avanza ficou com 18 e 8, respectivamente. O total de assentos na Câmara é 92 e, no Senado, 46.

Historicamente, os resultados eleitorais nessa região apontam tendências para o panorama nacional. No fim de outubro, o país terá eleições legislativas nacionais de meio de mandato, com escolha de parte dos deputados e senadores do Congresso argentino.

Cristina Kirchner, que presidiu o país de 2007 a 2015, está em prisão domiciliar desde junho de 2025, depois de ser condenada por corrupção.

O escândalo envolvendo Karina Milei, irmã do presidente e secretária da presidência, foi deflagrado em agosto, com a divulgação de áudios de Diego Spagnuolo, ex-diretor da Andis (Agência Nacional para Pessoas com Deficiência) e amigo dos irmãos Milei.

Nas gravações, Spagnuolo cita a participação de Karina em um esquema de corrupção na compra de medicamentos —a irmã do presidente ficaria com 3% dos 8% da propina cobrada em todos os contratos do departamento.

Além das acusações, Milei enfrenta crescente resistência do setor bancário argentino. As instituições financeiras, que antes apoiavam a agenda econômica do governo, contestam as novas regras de liquidez implementadas para conter a desvalorização do peso. Os bancos classificam as medidas como ineficientes e custosas para suas operações.

Milei chegou ao poder com promessas de reformas radicais para combater a inflação e recuperar a economia, a partir de cortes de gastos. A taxa de inflação, embora tenha desacelerado nos últimos meses, ainda permanece em níveis elevados.

A relação com o Congresso é tensa. Na 5ª feira (4.set), os senadores, de maioria opositora, derrubaram pela 1ª vez um veto de Milei a um projeto de lei que aumenta os gastos e as proteções para pessoas com deficiência.

Por: Poder360

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